Antes de começar, vou pedir ao leitor que faça um exercício. Pare e pense nas últimas empresas em que você trabalhou: você sabia por que e para que estava trabalhando? Se a sua resposta for “para o lucro da empresa”, o que é bem plausível, também é possível que você não tivesse o menor conhecimento sobre o propósito da empresa – e que a organização talvez fosse incapaz de passar esse valor aos funcionários. O que te movia a acordar todo santo dia para ir trabalhar? O salário? Wrong answer.
No HSM Expo (nov/2016, falei dele aqui neste post sobre Steve Wozniak), a maioria dos palestrantes falou sobre a importância das empresas adotarem um propósito. E o tema permeou as mais variadas palestras – de sustentabilidade a gestão de desempenho, passando por estratégia de longo prazo e as transformações sociais e empresariais da última década. Deve ser, portanto, um ponto de atenção.
Missão, visão, valores e propósito
“Mas a empresa tem missão, valores. Por que precisaria de um propósito?”, você poderá perguntar. Porque o propósito não é nem a visão, nem a missão e nem os valores, como explica a Harvard Business Review. Simples assim. Um propósito real, verdadeiro e palpável dá um motivo tangível para que decisões sejam tomadas e, tarefas, executadas. Enquanto a missão descreve o negócio, a visão indica onde a empresa estará em alguns anos e os valores descrevem a cultura, o propósito inspira e dá orientação prática.
Dou como exemplo o Grupo Algar, que defende que uma estratégia de longo prazo não sobrevive sem um propósito forte – e o deles é “Gente servindo gente”. É ao mesmo tempo o slogan do grupo e também o mote em que se baseiam todas as estratégias. Se você perguntar a algum colaborador de qualquer empresa do grupo, ele deve dizer que o que o faz sair de casa todo dia é servir as pessoas.
A HBR traz outros exemplos de propósitos: da empresa de serviços financeiros ING (“Empoderando pessoas para estarem um passo à frente na vida e nos negócios”), da gigante da alimentação Kellogg (“Nutrindo famílias para que elas floresçam e prosperem”) e da seguradora IAG (“Ajudar as pessoas as gerenciar risco e a se recuperar da dificuldade de uma perda inesperada”).
O propósito é um motivo para se orgulhar, para acreditar que o seu trabalho tem impacto em algum lugar. Ele é um norte e deve ser claro e compartilhado por todos, como um compromisso moral. Com isso, o lucro que eu falei lá no começo vem naturalmente.
>> Leitura recomendada: Como e quando transformar a cultura organizacional
Produtividade
Se a justificativa moral não te convenceu, porque você é muito pragmático(a) e só olha para os resultados, listarei alguns bons motivos para se preocupar em espalhar entre seus colaboradores o propósito da empresa. E não sou eu que estou falando, mas Rebecca Henderson, professora da Harvard. Adotar um propósito na empresa traz:
- Compartilhamento de crenças e opiniões, fazendo com que as pessoas trabalhem pesado e com melhor desempenho
- Autenticidade à organização, estimulando os colaboradores a acreditar no que realizam e a estreitar o relacionamento entre si
- Identidade, aumentando a confiança entre todas as instâncias da organização
Rebecca diz ainda que ter propósito está associado a práticas de alta performance no trabalho, e que ele é um motor para a inovação.
Na maioria das empresas, no entanto, as pessoas “fazem o seu trabalho”, sem animação ou motivação. Sem compartilhar pensamentos, sem acreditar que estão fazendo diferente e sem se identificar com a marca ou com os colegas. Elas produzem muito menos e pior do que as pessoas que têm um propósito claro.
Imagine um estádio lotado e o metrô na hora do rush. As pessoas que formam a torcida de um time de futebol não se conhecem, mas estão conectadas por um propósito – que é ver seu time do coração vencer. Elas vão ao estádio, torcem, vibram, sofrem na perda e comemoram na vitória. Já as pessoas que estão lado a lado no metrô lotado não têm nada em comum, a não ser o fato de morar na mesma cidade e pegar o mesmo transporte público todos os dias. Elas não têm um propósito compartilhado e, por isso mesmo, são apáticas umas com as outras, e até mesmo hostis (dependendo do quão apertadas estão). Elas são como os funcionários da empresa sem propósito: seguem o caminho de olho no celular, sem olhar para o passageiro ao lado.
O segredo do sucesso
A Fast Company diz que um senso de propósito forte é bom para os negócios. E a gente concorda. “Um propósito mobiliza as pessoas de uma forma que a busca pelo lucro por si só nunca o fará. Para uma empresa prosperar, ela precisa incutir seu propósito em tudo o que faz.” O autor do artigo vai além: diz que uma empresa sem propósito gerencia pessoas e recursos. A que tem um propósito, por outro lado, mobiliza pessoas e recursos.
O artigo dá algumas dicas de como ter sucesso com o seu propósito:
- Seja autêntico
- Contrate pessoas que compartilhem seu propósito (certifique-se disso na fase de recrutamento)
- Crie valor social e econômico compartilhado
- Componha uma narrativa simples e clara para o seu propósito
>> Leitura recomendada: Inovar ou deixar como está?
O propósito tem que ser mais do que palavras
Rebecca Henderson diz que um propósito sozinho não é o suficiente. Acontece o mesmo com a missão, visão e valores. Se eles não forem compartilhados por todas as hierarquias da empresa, não passarão de reles frases jogadas e documentadas. O propósito tem que ser mais do que palavras, conforme Nate Dvorak and Bryant Ott escrevem para a consultoria Gallup. De acordo com os autores, as empresas enfrentam um desafio complicado: o que ela deseja como propósito vs. a marca e a cultura que os colaboradores criam através de suas ações.
Segundo um estudo da própria Gallup, apenas um terço dos trabalhadores americanos concordam que a missão ou o propósito das empresas onde trabalham os faz sentirem que seu trabalho é importante. O desalinhamento entre propósito, cultura e marca custa dinheiro. Mas o mesmo estudo descobriu que funcionários alinhados com o propósito performam melhor que aqueles não alinhados – por isso a importância de saber disso na hora da contratação, como disse no item anterior.
Por último, mas não menos importante, o propósito também afeta a habilidade da empresa de assegurar a entrega do que é prometido pela marca e de desenvolver clientes altamente engajados. Que organização não sonha em ter clientes que também são fãs?
>> Leitura recomendada: Uma bússola para seus negócios: Como a cultura organizacional pode ser o norte para sua empresa
Mensure o desempenho dos colaboradores…
… antes e depois de adotar um propósito. E use uma ferramenta de gestão para te ajudar nessa tarefa – que deve ser a mais satisfatória possível. O Runrun.it é um software de gestão do trabalho, que organiza o fluxo das demandas, registra todas as discussões, decisões e documentos relacionados aos projetos, ajuda a controlar tempo e dinheiro investidos e automatiza tarefas burocráticas. Com ele, as equipes ganham 25% de produtividade, em média. Imagine usá-lo em seu reposicionamento de propósito? É muito mais produtividade para a empresa. Faça já sua conta grátis.



Parabéns! Conteúdo riquíssimo e objetivo. Me ajudou bastante.
Obrigado pelo seu feedback, Camila.
Esperamos que você goste de outros conteúdos em nosso blog!
Abraços!
Muito bom, posso publicar com os devidos créditos no blog das minhas empresas?
Iniciativa Eyes e SolucioneRH.
Sim, é só creditar e linkar a gente!
Conteúdo caiu como uma luva ! Gratidão a todos que fizeram parte desse texto ! Sigo uma filosofia japonesa que acredita no mesmo, que temos que servir , o segredo está aí ! Parabéns
Oi, Henrique! Que bom que gostou do nosso artigo e que ele foi útil para você. Fiquei curiosa sobre essa filosofia que você mencionou, conta mais para nós a respeito? E continue nos acompanhando, estamos sempre postando novidades sobre gestão e produtividade. 🙂
Gratidão Carol e equipe ! Segue um link explicando sobre a filosofia :
https://www.messianica.org.br/quem-somos/sobre-a-igreja-messianica-mundial
Excelente conteúdo! Objetivo, didático e muito prático…parabéns!
Olá, Luis. Que bom que gostou. Continue nos acompanhando. Estamos sempre postando coisas novas sobre gestão e produtividade. 🙂
Gostei muito. Informações bem objetivas sobre temas importantes.
Obrigada, Telma! Espero que você volte sempre. Abraços!
Que autor você se refere quando cita “que o autor do artigo vai além: diz que uma empresa sem propósito gerencia pessoas e recursos. A que tem um propósito, por outro lado, mobiliza pessoas e recursos.” ?
Tem alguma referência de livro(s)?
Olá Gerônima, o artigo referido é o da Fast Company mencionado anteriormente no parágrafo.
Segue o link aqui para te ajudar:
https://www.fastcompany.com/3048197/why-purpose-driven-companies-are-often-more-successful
Continue nos acompanhando!
Prezados,
Qual data este artigo foi postado?
Oi, Cristiana! Foi postado em novembro de 2016.
Abraços!