bob wollheim entrevista meu trabalho

“A área de dados é um tremendo ‘tsunami’ que está acontecendo na indústria criativa” – Bob Wollheim

As transformações digitais trazem certa desconfiança para muitos profissionais. Seu emprego está comprometido? Suas habilidades ainda serão úteis em 10 anos? O trabalho terá a mesma importância em nossas vidas? Essa inquietude permeia os pensamento de Bob Wollheim, que enxerga o copo meio cheio e muitas oportunidades a partir desse futuro ainda nebuloso.

CEO e Partner na B Network (que detém o B Group), investidor do youPIX e do Tera, e co-fundador da MuchMore, Bob está sempre envolvido em projetos e inciativas que pretendem trazer uma nova visão para o mercado criativo.

A conversa com Bob Wollheim faz parte da série “Meu Trabalho”, de entrevistas exclusivas para o blog do Runrun.it.

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1. Como é a sua rotina de trabalho hoje?

Tenho atividades que envolvem um lado mais corporativo no Grupo ABC, ajudando na transição para o mundo digital, desde as agências atuais até as novas operações do grupo. Cuido também das minhas próprias operações, como sócio-investidor, mentor e ajudando na área de novos negócios e de comunicação da MuchMore.

2. Com essas quatro frentes, você mantém contato com muitas equipes?

São equipes muito variadas. A Tera e o youPIX são operações pequenas com até oito pessoas cada. A MuchMore é uma operação de mais ou menos 40 pessoas, e no Grupo ABC minha função é solo, muito mais estratégica para ajudar a dar uma nova visão para as pessoas, para as agências e para o CEO da operação.

Hoje sou um cara bastante “desequipado”. Toco operações que são remotas, que não estão fisicamente comigo. Também não lidero times diretamente, mas sim indiretamente em todas as empresas.

3. Em meio a tantas iniciativas, você deve fazer muitas reuniões.

Sim, quatro ou cinco por dia.

4. Você tem contato com os clientes? Como é a interação?

Os clientes que mais interajo rotineiramente são os da MuchMore, são seis ou sete. E um grupo um pouco maior de prospects e suspects que estamos conversando. Estamos em uma busca de consolidação do crescimento e de grandes clientes. E do cuidado com alguns que já são da casa, como FCA, Deca, Sonae e Beneficência Portuguesa.

5. Qual seu principal desafio profissional no momento?

Conseguir mover as operações estrategicamente para o caminho certo, seja o grupo ABC, com um trabalho de mudança, de virada de jogo para o universo digital da comunicação; seja os meus investimentos, com meu papel de mentor, de puxador da inovação e da inquietude; seja na MuchMore, em que viabilizo a tangibilização do nosso produto e de crescimento.

6. Você tem um ambiente de trabalho? Como funciona sua rotina entre escritórios?

Meu ambiente é móvel e variado, não fico fixo em um lugar, circulo muito. Meu ambiente de trabalho se expressa no carro, em vários cafés, em intervalos, entre uma reunião e outra. É um trabalho multimídia em qualquer uma das minhas quatro iniciativas. Posso estar ajudando em algo do youPIX, por exemplo, mas estou plugado em tudo que estou fazendo.

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7. Essa vida multifacetada pede produtividade. Qual é sua dica para ser produtivo?

Não é nenhuma novidade: uma mistura de foco com organização. E priorização. Costumo fazer um quadrinho muito simples, com urgente, não urgente, o importante e não importante. Cruzando em “x” na vertical. Tentando plotar as coisas do meu dia a dia nesse quadrante e tentando negociar comigo mesmo, porque a primeira sensação é de que tudo é urgente e importante. Depois você percebe que não, e que pode gerir essa prioridade no dia a dia. Esse é um dos meus principais atalhos.


“A primeira sensação é de que tudo é urgente e importante.”


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8. Quais as principais tendências de trabalho na indústria criativa?

A indústria criativa está passando por uma enorme transformação, reinvenção. Eu acho que a principal tendência é um pragmatismo enorme com crescimento da área de dados, o que torna tudo bem mais previsível e programático e com resultados muito mais mensuráveis. Isso muda tudo, muda conceito, muda processos, muda pessoas, muda mindset. É um tremendo de um “tsunami” misturado com um terremoto que tá acontecendo nessa indústria. É muito interessante sempre que acontece isso, em qualquer indústria. Há um momento que é o interregno, o viver entre os dois reinos, o novo reino ainda não está plenamente estabelecido e conhecido e o velho reino ainda existe.

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9. Mas o trabalho tradicional de publicidade ainda é muito forte?

Sim, ainda é muito forte, movimenta muito dinheiro. Ao mesmo tempo que a migração para plataformas digitais é absolutamente intensa, crescente e explosiva. Como qualquer indústria, surgem novos entrantes, como startups e novos players. Além desses, empresas de tecnologia (ou martech) e da indústria de consultoria. O mundo da comunicação está sendo invadido por essas indústrias de tecnologia – com Facebook, Google, Adobe, IBM – e pela indústria de consultoria – com Accenture, McKinsey etc. Então há uma grande migração e uma grande oportunidade. Ou, para alguns, uma grande ameaça, conforme você queira olhar. Obviamente, abrem-se novas oportunidades, com mais tecnologia e mais pensamento consultivo, mas é uma grande revolução ao mesmo tempo.


“O mundo da comunicação está sendo invadido pela indústria de tecnologia – Facebook, Google, Adobe, IBM – e de consultoria – com Accenture, McKinsey.”


10. Você acha que as agências, principalmente as tradicionais, estão sabendo lidar com a entrada das consultorias e das empresas de tecnologia?

Tem agências que sim, outras estão sofrendo muito. Esse sofrimento, essa dor e essa capacidade de transformação está acontecendo nas outras pontas também, com empresas que estão sabendo agregar a parte mais consultiva e de comunicação. Tem consultorias que estão sabendo agregar a parte criativa e de tecnologia. E tem outras que não estão conseguindo fazer nada disso. A minha visão é que as empresas que serão mais sucedidas terão componentes criativos, tecnológicos e componentes consultivos em seu mix, mas mantendo o seu DNA. As que forem bem sucedidas farão isso do seu jeito particular, específico, com a sua própria essência, sua própria história.

11. Essa indústria também passou por transformações por conta das inovações tecnológicas. Quais foram os principais impactos?

A mudança profunda de mindset ou uma necessidade de uma mudança profunda de mindset. Algumas empresas conseguem, outras não. E outras novas já nascem com esse mindset. Tem uma série de mudanças de ofícios, de formatos e processos, mas que são aspectos que não causam nenhum grande resultado nas empresas se não vierem acompanhadas dessa mudança de mindset profundo.

12. Quem está começando na área precisa ter o que em mente?

Comece pelo novo. Não corra o risco e muito menos a tentação de um bom emprego em uma coisa velha, na parte do reino que é o reino antigo ou atual. Quem está começando deve ir para a parte nova, no reino de dados, de programática. Essa é a minha provocação para quem está entrando nesse mundo.


“Não corra o risco e muito menos a tentação de um bom emprego em uma coisa velha.”


13. O que mudou na sua rotina e fluxo de trabalho nos últimos 5 anos?

Nos últimos cinco anos, minha vida mudou bastante, porque eu incrementei a quantidade de atividades que eu faço. Passei a ter uma vida muito mais multimídia. Saí de algo mais operacional no dia a dia para algo mais estratégica. Sou mais pensador, mais macro, que exige um novo tipo de disciplina.

14. E o que você fazia há 10 anos que não faz mais?

A grande diferença é que o computador era um notebook, hoje é um smartphone. Acho que tem uma inversão da noção de tempo e na intensidade de uso de aplicações. A outra diferença é que, pessoalmente, a minha vida ficou muito mais remota, independente de eu estar em um lugar físico para fazer mil coisas.

15. Como você se vê profissionalmente em 5 anos?

Acho que a vida vai ser cada vez mais remota e cada vez mais móvel e mais flexível. Me vejo desse jeito. Me vejo muito mais capacidade de organização com softwares, com ferramentas, com plataformas. É um pouco por aí.


As novas possibilidades desconhecidas deixam profissionais angustiados pelo simples desconhecimento do que vem por aí.


16. O que você considera fundamental para equilibrar sua vida profissional e pessoal?

A grande sacada, que também não é uma grande novidade, é de que a tecnologia tem que trabalhar pra você e não você pra ela. Muita gente já disse, muita gente sabe, mas poucos conseguem praticar. Acho importante ter isso em mente para transformar as ferramentas em seu aliado e não o oposto.

17. Você daria algum conselho ao seu ‘eu’ de 10 anos atrás?

Tenho uma impressão de que hoje sou uma pessoa muito melhor do que há dez anos. Não sei se eu daria um conselho, mas se eu desse talvez seria equilibrar mais o pragmatismo com os sonhos. Eu tenho esse jeito sonhador, visionário, que me orgulha, mas que em alguns momentos talvez poderia ter um pouco mais de pragmatismo.

18. E o futuro do trabalho. O que você tem visto sobre isso?

Vejo uma transformação extremamente profunda no jeito que trabalhamos, que produzimos, acontecendo nos próximos anos. Eu tenho dificuldade de dizer como eu estarei em cinco anos, porque acho que vai mudar muito. É muito fácil a gente prever algumas das coisas que vão mudar. E é muito difícil prever outras. Podemos prever os fatos, chegar a tecnologia, automação, inteligência artificial, Internet das Coisas, mas a gente tem muita dificuldade de entender os impactos disso. E acredito que esses impactos serão muito profundos. Serão, provavelmente, os últimos suspiros do mundo capitalista moderno, da revolução industrial como conhecemos hoje, com enormes impacto no trabalho e nas nossas vidas.

E isso é algo muito interessante, porque é fácil ver os impactos negativos, é fácil entender que uma quantidade enorme de profissões estão super ameaçadas. Mas é muito difícil de prever quais são as novas profissões que surgirão, que despontarão a partir das oportunidades do mundo de tecnologia, das plataformas, dos softwares e das soluções.

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19. Você enxerga essas transformações de forma positiva?

Tenho participado de muitos eventos. Estive recentemente em um evento da Singularity University, onde todos colocam isso (esse olhar positivo) como uma provocação. Muita gente vê essa transformação com o copo meio vazio, eu vejo como meio cheio. Eu não tenho respostas, mas essa é a minha sensação, não consigo responder exatamente o porque disso, mas eu vejo. É importante ressaltar isso para provocar as pessoas a entender que existe um mundo de oportunidades pela frente, um mundo de coisas vindo por aí.

Uma atitude repulsiva, negativa certamente leva a mais problemas que oportunidades. Ao mesmo tempo, um olhar positivo, instigante e desafiador para esse mundo leva a um pensamento de busca de novos conhecimentos, de compreensão do que está acontecendo e de geração de uma infinidade de novas oportunidades. É assim que eu vejo. Será muito diferente. Temos dificuldade de dizer como, quando, para onde as coisas vão.

20. O que vai fazer a diferença para os profissionais a partir de agora, então?

As novas possibilidades desconhecidas deixam profissionais angustiados pelo simples desconhecimento do que vem por aí, mas eu queria provocar um olhar… Não é otimismo por otimismo. Tenho refletido sobre isso bastante. A nossa dificuldade de prever o potencial de tudo que vem pela frente é grande. É muito fácil prever as catástrofes as perdas de emprego. Então queria reproduzir essa provocação de um olhar positivo, porque o olhar e a atitude frente ao que vem vai fazer muita diferença. Quem ficar passivo, reativo vai sofrer muito. Quem ficar ativo e provocador vai ter muita oportunidade.


 

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