Sílvio Celestino

Sílvio Celestino: O dominó

Por Sílvio Celestino*

 

O euro está se desvalorizando, o franco suíço se valorizou e o Japão está em uma crise há três décadas. Os EUA estão falidos e, em algumas semanas, discutirão novamente como elevar o teto de sua dívida pública. Essas informações podem ser levianas se você não souber como usá-las nem souber de onde vieram e com quais outras devem ser comparadas. Não precisa ir longe. Você está em um país com a pior legislação tributária do mundo e, portanto, não é surpreendente atravessar uma crise. Por isso digo que você deve entender muito bem do negócio da empresa em que trabalha. Isso pode se refletir ao longo de toda a sua trajetória na companhia. Afinal, você sabe o que sua empresa vende? Para quais problemas vocês são a solução?

Enquanto o professional não souber por que foi contratado, promovido ao longo dos anos e, talvez, demitido, viverá na insegurança. Você pode até se tornar um(a) especialista na sua área, dedicar 100% do seu tempo a ela, mas jamais terá a excelência se perder a capacidade de entender as relações entre o seu setor, os acontecimentos e as inovações mundo afora. Como um jogo de dominó, são esses fatores que afetam os mercados, sua empresa e finalmente sua carreira. Crise alguma irrompe de repente, e você pode se preparar para ela lembrando-se de que, no modelo de mundo em que vivemos, sucesso é lucro e para que isso aconteça, algo tem de ser vendido. Por isso é importante você saber o que sua empresa vende. Ou, como a abordagem do Marketing atual sugere: que tipos de experiências sua marca troca pelo tempo e pelo dinheiro do seu consumidor?

Os acontecimentos a que me refiro, e que afetarão sua vida profissional, são todos aqueles que interferem na venda dos produtos e serviços da sua empresa. Isso engloba desde a contribuição das mídias sociais, movimentos agressivos e predatórios de concorrentes até ações dos governos locais e estrangeiros. Sem falar de decisões equivocadas, ou lentas, dos gestores da sua companhia. Comece aos poucos e nunca pare de aprender, pois esses assuntos são uma história sem fim, embora possam colocar um fim em sua carreira. Lembre-se de que pessoas que trabalharam em companhias como Varig, Kodak e Pan Am nunca pensaram que essas empresas um dia terminariam.

Olhe para além de sua área de atuação e se preocupe em compreender cada vez mais o negócio da empresa em que você trabalha. Assim, terá mais chances de amadurecer, de se precaver e atravessar momentos de crise sem sucumbir. Se posso dizer que aprendi algo sobre aqueles que não se dispõem a se aperfeiçoar, é que temo pela forma como se referem a seus empregos como uma renda segura. Tudo quanto estão dizendo é que praticamente nenhuma decisão relevante está em suas mãos. Duvido que seja isso que você espera ter para contar quando olhar para trás.

Pense que, como numa fileira de dominó pronta para ser de ponta a ponta derrubada, você é a última peça. Fatalmente você cairá, como todas as anteriores… A menos que você tenha se afastado, um pouco que seja, da fila, da multidão, para observar qual era o jogo, você agora estará, em meio ao estrago, em pé.

 

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*Sílvio Celestino é colunista do Blog do Runrun.it, autor do livro Conversa de Elevador – Uma Fórmula de Sucesso para sua Carreira e sócio-fundador da Alliance Coaching. @silviocelestino.

 

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