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Calados x Tagarelas: As vantagens de cada perfil profissional

“Eu não aprendi a ficar quieta quando eu tenho uma opinião. A razão pela qual eles sabem quem eu sou é porque eu disse a eles.” Essas são palavras de Ursula Burns, CEO da Xerox e a primeira negra a presidir uma companhia do ranking Fortune 500. Se você é uma pessoa falante e extrovertida, deve pensar de forma parecida. Agora, se você tende a detestar conflitos, e por isso prefere não se expressar com tanta convicção, a autora do best-seller O Poder dos Quietos, Susan Cain, descreveria você como introvertido(a). Lembrando que ninguém é 100% um só, e que foi-se o tempo em que o perfil profissional extrovertido era o mais procurado. Veja a seguir o que cada um pode aprender com o outro – ou como calados e tagarelas podem conviver em paz e se ajudar.

O que aprendemos com os Calados

1. Assumir que não sabe é tão corajoso quanto falar em público
“O problema do mundo é que os tolos estão cheios de certezas e os sábios, cheios de dúvidas”. Esta, que é uma das declarações mais conhecidas do poeta americano Charles Bukowski, representa bem a ansiedade das pessoas, hoje em dia, por respostas e posicionamentos imediatos, mesmo que irrefletidos, mesmo que endossem um discurso de ódio ao diferente.

“Vivemos num sistema cuja crença predominante é a de que a personalidade ideal prefere a ação à contemplação, a certeza à dúvida, e que toma decisões rápidas e tem convicções, mesmo com o sério risco de estar errada”, Susan Cain conclui. Em suma, aprendemos a traduzir ousadia como verborragia, felicidade como fama, e extrovertido como divertido. Cultivar essa mentalidade só acarreta frustração.

2. Se for desrespeitar alguém, melhor ficar em silêncio
Eduardo Galeano, historiador e autor uruguaio, certa vez escreveu: “Quando as palavras não são tão dignas quanto o silêncio, é melhor calar e esperar”. Com os introspectivos aprendemos a observar mais do que agir, a sentir melhor o ambiente antes de falar. Muitas vezes, a harmonia do convívio reside no que não dizemos para o outro. Não porque é preciso guardar para evitar um conflito, mas porque se pensarmos um pouco mais, diremos apenas o essencial – o que não envolve desrespeitar alguém.

3. Às vezes, a pessoa só quer que você a ouça
Já ouviu dizer que, às vezes, as pessoas precisam de alguém que as ouça para não parecer que são loucas falando sozinhas? Pois o ato de falar sozinho, em alto e bom tom, é justamente uma das diretrizes de certas terapias, como a psicanálise. O princípio por trás disso é que, ao se escutar, a pessoa compreende melhor pelo que está passando e começa a formular melhor seu raciocínio, até chegar, muitas vezes, às respostas que procura por conta própria.

Portanto, exercitar seu lado introspectivo e ouvir mais o que as pessoas querem contar é também um nobre exercício de amizade. Até que, mais cedo ou mais tarde, seja a sua vez de se abrir com alguém e ver suas incertezas se clarearem. 

O que aprendemos com os Tagarelas

1. Se você estiver errado(a), vai aprender por quê

Digamos que você não tem lá muita certeza de que o que você quer dizer é relevante, ou então, se você acredita que vão encarar sua pergunta como uma prova clara do seu desconhecimento. Nessa hora, sua cabeça vira uma bagunça. Mas se você aceita um conselho, você precisa dar voz à sua opinião, ou sua dúvida. Ela pode ser a voz de várias outras pessoas que decidiram se esquivar.

“Se você estiver certo(a) de fato houver algo de esquisito nela – seja uma hipótese improvável ou uma informação incorreta – as pessoas ao seu redor irão te dizer”, sugere o CEO Jayson Demers. Se te tratarem de forma ríspida por isso, sinal de que falta transparência no grupo e que nem toda dúvida é aceita ou opinião, respeitada. Num ambiente profissional maduro, o que acontece é um debate respeitoso em busca do esclarecimento. Mas, o mais provável é que a situação acabe mesmo é como uma baita experiência, da qual você sai mais inteligente do que entrou.

2. Quem cala consente
“Se você é neutro em situações de injustiça, você escolhe o lado do opressor.” A afirmação, do ativista sul-africano contra o apartheid, Desmond Tutu, pode perfeitamente ser aplicada ao dia a dia da sua empresa. Pense naquele momento em que você ouviu uma grande bobagem, ou pior, um grande preconceito, ser dito. E você se calou? Não faz sentido. Pelo contrário, só contribui para a ignorância se propagar. Seja ela um conhecimento técnico ou um discurso de segregação.

3. Sua influência pode estar guardada na sua voz
Uma voz inédita no ambiente de trabalho pode ser a voz que todos mais querem ouvir. “Muitas vezes, a pessoa com uma voz coerente é aquela que é convidada a liderar uma reunião, iniciar um novo projeto ou falar com outros influentes, para levar uma iniciativa adiante e se conectar com as outras vozes proeminentes na organização”, explica Glenn Llopis em artigo para a Forbes.

Quem avança mais rápido do que outros na carreira, em geral, domina a arte de falar. São pessoas que, ao se expressarem: a) desafiam a inércia e incentivam a inovação, b) inspiram aqueles que não têm voz e c) ganham credibilidade no seu ramo de atuação e relevância no mercado. Lembre-se, pede Glenn, “Trabalho não envolve ganhar concursos de popularidade, mas ganhar o respeito dos colegas, porque você é capaz de conduzir as pessoas e, juntos, aumentar o valor da organização, com sua voz”.

Compreendendo os introvertidos

Pelo menos um terço das pessoas que conhecemos são introvertidas. Quem afirma isso é o professor PhD e pesquisador da Universidade de Indiana, Bernardo Carducci. Bem mais gente do que parece, não é? A explicação, para Susan Cain, é que a maioria acaba se forçando à extroversão, para se adaptar ao que a sociedade julga ser o ideal.

No entanto, Susan é categórica ao afirmar que existe zero correlação entre ser o melhor para falar e ter as melhores ideias. E ela aconselha: Não pense em introversão como algo que precisa ser curado. O segredo dessa vida é se colocar sob a luz correta. Para uns, é um holofote da Broadway. Para outros, é uma luminária de mesa.

E se você pensa que é impossível dividir ideias sem ter um perfil profissional extrovertidos, lembre-se que ideias podem ser compartilhadas por meio de um texto, ou de uma apresentação bem produzida e enviada a alguém, ou ainda, podem ser ideias levadas adiante por colegas de confiança. O truque é honrar seu estilo em vez de se deixar ser coibido pelas normas vigentes.

Entrevista com Silvane Castro

Para entender um pouco mais sobre as diferenças e possibilidades de harmonia entre calados e tagarelas, entrevistamos Silvane Castro, consultora e diretora da Seven Gestão em Saúde. Confira:

Ser uma pessoa mais calada pode ser uma vantagem competitiva no mercado de trabalho? Por quê?

S.C. Por muito tempo, ser reservado foi um problema, mas esse cenário mudou e descobriu-se que os introvertidos podem ter vantagens bem competitivas. Há algum tempo, só os expansivos viravam chefes, ícones, modelos a serem seguidos. Por sorte, o mundo andou. As qualidades dos quietos – como concentração, produtividade e, por que não, bom senso – voltaram a ser valorizadas e servem de lição até para os populares extrovertidos.

Que conselho você daria a alguém introvertido que deseja expressar melhor o que pensa?

S.C. Pergunte-se: por que devo expressar melhor o que penso? Quais resultados desejo alcançar com esta mudança? Ter um objetivo definido servirá de estímulo e motivação para superar os desafios que toda mudança traz consigo. Em segundo lugar, mentalize a cena e imagine qual postura você deve manter, como um treinamento mental. Isso serve de preparo para que, quando necessário, o cérebro já tenha esse novo caminho para ser acessado, o que reduz a probabilidade de improviso e fracasso.

Uma pessoa tagarela é capaz de liderar uma equipe de pessoas introvertidas? Que desafios existem nesse caso?

S.C. Embora o “perfil de chefe” tenha um estereótipo enérgico e extrovertido, uma pesquisa realizada em Harvard identificou desvantagens nessa postura. Segundo o estudo, funcionários proativos liderados por extrovertidos se abstêm de dar opiniões. Enquanto, com introvertidos, acontece o oposto: não existe medo de conflitos diretos com os superiores, o que abre espaço para diálogos e sugestões constantes. O resultado é o aumento do lucro. Os introvertidos têm ainda mais um trunfo nas relações pessoais, pois tendem a observar mais do que agir, tornando-se bons ouvintes.

E no cenário oposto, quais desafios?

S.C. Os mais extrovertidos têm a atenção desviada com certa facilidade, se perdem na conversa e nem sempre compreendem de verdade qual é o problema. Além disso, a sensibilidade aguçada faz dos quietos observadores perspicazes, do tipo que estuda sua expressão facial, repara no tom da sua voz e percebe primeiro quando algo não vai bem. Um grande desafio que podem enfrentar é de passar, de forma involuntária, uma imagem de apatia, ou seja, enquanto observam tudo e expressam poucas reações positivas, seu interlocutor pode interpretar pouco interesse no diálogo, causando interpretações erradas e pouca conexão interpessoal.

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