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Vagas: Gestão horizontal como forma de se diferenciar do mercado

O que faz uma empresa ser mais competitiva: seu produto ou seu modelo de gestão? Mário Kaphan e seus sócios da Vagas* pensavam se tratar do produto. No entanto, descobriram que o modelo de gestão horizontal (assunto que já abordei aqui) inspirado no espírito da empresa pequena, que a norteou nos primeiros anos de vida, era o motivo para ela ter crescido mais que os concorrentes (no mínimo 24% ao ano) e gerado confiança nos clientes. Este modelo a fez ganhar o M-Prize, concedido por um grupo americano que repensa a gestão no século 21, e ser a 40ª Melhor Empresa de Tecnologia da Informação para Trabalhar no Brasil pelo Great Place to Work. Abaixo, mais um pouco do que o Mário me contou numa conversa em seu escritório.

Essa virada de mindset aconteceu recentemente, em 2012, quando as últimas pessoas com cargo os perderam – e, junto com eles, seu poder de mando. “Caiu a ficha de que o sucesso se devia à nossa vivência de valores compartilhados”, afirma Kaphan. Segundo ele, os valores da empresa só ganham vida no processo decisório. E, para que todos participem das decisões, o modelo de gestão deve ser horizontal.

Nem todos gostaram, e nem todos se adaptaram (e se adaptam) à falta de hierarquia. Mas este é um desafio difícil que os fundadores da Vagas enfrentam com orgulho. Hoje com 15 anos e cerca de 160 funcionários, o turnover é muito menor. No ano passado, apenas 10 pessoas foram desligadas porque não se enquadraram na cultura da empresa. A algumas faltava iniciativa e participação, a outras, o respeito pelo coletivo. O lema da empresa é “Eu faço o que eu quero e todo mundo tem a ver com isso”. No entanto, algumas pessoas acham o contrário, que “ninguém tem nada a ver com isso”. Aí o ego se sobrepõe ao grupo, o que vai contra a organização. “O ego de uma pessoa pode quebrar a empresa. Se isso for identificado, ela será demitida”, afirma Kaphan, taxativo. Curiosamente, a busca por talentos tem elevado a idade média das novas contratações. Muito possivelmente porque pessoas mais velhas têm mais experiência para compartilhar, e maturidade o suficiente para sentir prazer ao perder uma discussão.

Em 2010, com cerca de 70 funcionários, a diretoria percebeu que vivia um modelo muito parecido com o horizontal. Foi quando passou a estudar outras empresas com propostas parecidas, como a Semco, o Google e a WL Gore. Foi um funcionário desta última que advertiu: em empresas com gestão horizontal, o salário deve ser uma informação sigilosa, uma vez que a relação das pessoas com o dinheiro é muito subjetiva. Na Vagas, a maioria considera seu salário justo, mas nem o RH tem acesso aos valores – a empresa responsável por fazer o depósito dos salários é terceirizada. Este é o único assunto que não pode ser discutido por lá.

Como funciona na prática?

A Vagas tem duas estruturas: as áreas funcionais e os comitês. Ambas funcionam em equipes de seis a oito pessoas, que se encontram quinzenalmente para rever suas estratégias. Estes grupos não são fechados, há sempre cadeiras vazias para quem deseja participar das discussões. Nelas, as decisões são tomadas por consenso. Dessa maneira, acredita Kaphan, as pessoas se engajam mais com o que foi decidido.

Essa revisão do rumo da equipe a cada 15 dias coloca os funcionários mais próximos da missão da empresa: ser a ferramenta para que as empresas encontrem e selecionem as pessoas certas. É isso que eles analisam toda quinzena – não existem metas numéricas. Segundo Kaphan, seu produto é mais forte porque ele tem equipes realmente comprometidas com o sucesso do cliente.

Todos na Vagas têm direito de levantar uma “controvérsia”. Isso quer dizer que, não aceitando alguma decisão – coletiva ou individual –, é possível abrir uma discussão para repensá-la. Isso faz com que todos os funcionários tenham o mesmo poder de decisão e responsabilidade. Todos participam também da contratação ou demissão dos colegas. E uma complexa avaliação semestral garante aumentos (ou não) de salários. É assim que Kaphan pretende continuar crescendo 25% ao ano – ou até que se prove que este modelo está errado. “Convivemos com a imperfeição com naturalidade”, finaliza.


*A Vagas oferece aos seus clientes uma ferramenta que automatiza os processos de seleção corporativos – elencando os melhores candidatos para os cargos em questão. As vagas desses clientes também são divulgadas no site Vagas.com.br, o que naturalmente atrai candidatos e aumenta sua audiência. De 1999 a 2004, não foi feito qualquer investimento em marketing para a divulgação do site – que hoje também é uma plataforma de conteúdo sobre as mais diversas profissões, com 350 mil visitantes únicos por dia. O último e mais querido projeto da empresa é o Mapa de Carreiras, que nasceu pequeno e hoje é um portal de informação sobre a trajetória profissional do brasileiro em várias áreas.


Mário Kaphan procurou o Runrun.it porque precisava de uma ferramenta para mensurar quanto tempo seus colaboradores investem em cada equipe/projeto que participam. Dessa maneira, poderá melhorar as estratégias e objetivos da empresa – e também sua política de remuneração.

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