inteligência artificial

Estamos sendo substituídos por Inteligência Artificial (e ainda bem)

Inteligência artificial. Ela está entre nós ou acima de nós? O receio de que a Ciência evolua a ponto de dar a máquinas e sistemas a capacidade de tomar boas decisões, e independentemente de um operador, mais assusta do que encanta alguns de nós. No entanto, para três pesquisadores, cujo artigo “How Artificial Intelligence will Redefine Management” foi publicado na Harvard Business Review, os gestores devem olhar para a Inteligência Artificial como colegas de trabalho. Enquanto é pouco provável que o julgamento humano possa ser automatizado, eles dizem, máquinas inteligentes podem acrescentar muito ao seu trabalho administrativo, auxiliando com simulações de cenários futuros, estimativas, e oferecendo insights. Mais aliviado(a)? 

O que é Inteligência Artificial?

Conversamos com o professor e pesquisador Renato de Brito Sanchez, que é também empreendedor, proprietário de duas empresas, sendo uma delas de tecnologia em automação, robótica e inteligência artificial. Inteligência artificial ou I.A., ele afirma, “é um conceito que remete à realização do sonho da humanidade de um futuro distante, onde máquinas e humanoides interagem com humanos e animais”.

Quando você pensa em inteligência artificial, a primeira imagem que surge provavelmente é uma cena de filme, como Perdidos no Espaço, Matrix ou Eu, RobôNo entanto, é fato que o conceito de I.A. é muito tênue, visto que um robô pode ser totalmente dependente de seu operador. Então, onde termina a simples automação ou processo autônomo repetitivo e começa a inteligência de fato? É possível dotar uma máquina, um sistema com a mesma consciência de um ser humano?

Breve história da Inteligência Artificial

O termo Inteligência Artificial foi cunhado em 1956 pelo cientista John McCarthy, embora 6 anos antes já houvesse sido especulado sobre uma máquina com capacidade de pensar pelo cientista da computação Alan Turing – cuja história o filme O Jogo da Imitação apresenta. Entre as décadas de 1950 e 1960, após alguns avanços significativos, criaram-se os laboratórios de inteligência artificial em Stanford e no Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT).

A partir de 1990, houve uma correção de conceito e as pesquisas voltadas à inteligência artificial. O que antes estava baseado numa abordagem de lógica, para estabelecer regras que orientassem a ação dos computadores, passava agora a usar dados estatísticos de bases de dados. Isto é, as máquinas agora poderiam avaliar resultados e identificar perfis e padrões para resolver os problemas apresentados de forma autônoma.

Em meio a todos os avanços tecnológicos, os anos 2000 foram um divisor de águas, pois deste ponto houve um salto tecnológico e eventos que marcaram as propostas de tecnologia. Neste processo há uma atenção particular para o aumento da capacidade de processamento de dados, que se tornou mais veloz e, com uma oferta maior de dados, houve um ponto de novos horizontes para a inteligência artificial.

>> Leitura recomendada: Robobosses – Seu próximo chefe será um robô?

Substituição?

Três dos maiores especialistas no assunto inteligência artificial, Vegard Kolbjørnsrud, Richard Amico e Robert J. Thomas, conduziram uma pesquisa com quase 2 mil gestores de 14 países, além de 37 executivos que lideram transformações digitais em suas empresas. Tudo para entender desde tarefas burocráticas que IA poderia poupar até recomendar práticas a serem dominadas com a ascensão da tecnologia inteligente. O primeiro resultado é o seguinte:

W161025_KOLBJORNSRUD_HOWMANAGERS

A pesquisa mostrou que os gestores passam mais da metade (54%) do seu tempo executando controle de tarefas – o que envolve desde delegar demandas até conferir se tudo está correndo como deveria, e dentro do prazo e do orçamento. Investem ainda 30% em resolução de problemas e colaboração com equipe e pares – e apenas 10% com estratégia e inovação… Talvez você se enxergue neste cenário.

Layne Thompson, diretor de uma grande companhia de ERP, diz que “Os gestores costumam enxergar seu trabalho como julgar, ter critério, experiência e capacidade de improvisar. Não se trata de aplicar regras. E se considerarmos que uma das principais promessas da inteligência artificial é a habilidade de ajudar a tomar decisões, então, deveríamos encarar a tecnologia como suporte, e não como substituta dos gestores.”

Uma segunda pesquisa, para entender quais habilidades os gestores assumiam que precisariam desenvolver nos próximos 5 anos, revelou isto:

W161025_KOLBJORNSRUD_SKILLSMANAGERS

O destaque está no fato de que os gestores entendem que precisam entender mais de tecnologia e experimentar ideias criativas com mais frequências, no entanto subestimam aquelas que chamamos de people skills. Isso quer dizer que não estão suficientemente atentos ao fato de que deveriam desenvolver a habilidade de construir uma boa rede de contatos e de se relacionar bem (21%), nem em desenvolver sua equipe (21%) e tampouco melhorar sua capacidade de cooperar com os colegas (20%). O conselho dos pesquisadores é: cuide disso enquanto é tempo. Priorize essas três habilidades e você será diferente da média.

Onde já fomos substituídos (e ainda bem)

Para que um sistema consiga assumir decisões autônomas, deve agir independentemente de um padrão definido, deve ser flexível e se adaptar aos estímulos do meio externo. Baseado nessa premissa e nas atividades desempenhadas pelo ser humano, é inerente que no cotidiano as tarefas sejam simplificadas por meio de máquinas e sistemas, em processos como o abastecimento de combustível, o pagamento sem intervenção do usuário (como no sistema Via Fácil – Sem Parar), assim como em compras online, onde não há contato humano até que este produto seja disposto para entrega à logística.

>> Leitura recomendada: Quais de nós as máquinas vão substituir?

Estas máquinas e sistemas nos substituem em atividades desde o uso militar como os VANTs teleguiados, a operação do robô Curiosity em Marte, uma operação de seleção de pedido de compra, até a gestão de recursos energéticos de um prédio comercial baseado no perfil de uso ao longo do dia. Sistemas inteligentes são utilizados, inclusive, para educação e para o desenvolvimento de habilidades intelectuais e auxílio a pacientes clínicos.

Entretanto, a tecnologia necessita de avanços para que veículos autônomos, sejam terrestres, aquáticos ou aéreos, possam navegar e tomar decisões por conta própria. Assim como para que haja linhas de produção e expedição totalmente autônomas. Ou mesmo, no espaço doméstico, para que possamos contar com o auxílio de humanoides nas atividades de limpeza, carregamento de carga ou mesmo cuidados e acompanhamentos a idosos.

Queremos sua ajuda

Atualmente a tecnologia baseada em inteligência artificial está presente em diversos processos e serviços nas esferas residenciais, comerciais e industriais. Isto porque há uma facilidade em estabelecer uma rede entre dispositivos e criar algoritmos que possam executar tarefas de varreduras, coletas e análise de dados. Dotados destas informações, os “sistemas inteligentes” podem assumir pequenas decisões baseadas na análise de perfis.

É o caso de empresas como Amazon e Submarino, com sistemas que analisam os acessos e dados de navegação dos usuários com a finalidade de fornecer de forma autônoma propostas e recomendações de compra ou acesso para leitura de livros.

Em outra vertente deste mercado digital, Netflix, Google, Facebook e Microsoft possuem plataformas com algoritmos autônomos que analisam cada usuário para dispor e traçar rotas de navegação baseadas no interesse de cada um.

Essas plataformas e algoritmos se estenderam a todos os mercados. A General Motors tem o sistema MyLink para os veículos da Chevrolet com intuito de prover a interação de buscas, navegação e mobilidade baseado na necessidade de seus condutores.

Ainda, o desenvolvimento de sistemas mobile, principalmente para smartphones, trouxe sistemas que permitem a interação autônoma com o usuário, através do Siri da Apple, do Now do Google, e da Cortana da Microsoft.

É o fim dos Gestores?

Em 1940 não se imaginava o celular. 50 anos depois, em 1990 a Internet ainda não tinha sido liberada para comercialização. Já entre 2001 e 2016, tivemos o surgimento de dispositivos com tecnologia mobile, softwares que operam linhas de processo com automação, e controle de todos os recursos energéticos de uma planta industrial ou edificação, interação do veículo com seus condutores e smartphones que interagem com comandos de voz e identificação visual.

“Com base nisso, posso sugerir que estes saltos de evolução são cada vez maiores para um curto espaço de tempo. Acredito ser questão de tempo para que conquistas sejam alcançadas e a tecnologia se torne cada vez mais independente de humanos em suas ações e em sua autogestão”, conclui o professor e pesquisador Renato de Brito Sanchez.

Para que um sistema possa gerir uma equipe no lugar de uma pessoa, além de autônomo para a tomada de decisões, o sistema depende de um aprendizado minucioso e inerente ao ser humano: as emoções. Pois além do raciocínio lógico e da inteligência, somos sensíveis a emoções, algo que atualmente uma máquina não aprende e, por isso, não pode assimilar a simples diferença entre um singelo bolo e um bolo de aniversário na essência de sua representatividade, por exemplo.

Portanto, todas as suas decisões seriam tomadas exclusivamente pela razão, e sabemos que tais decisões podem ser realizadas com risco de erro. Imagine, por exemplo, um sistema julgando um réu, decidindo sobre uma vida em um hospital, ou tomando uma decisão financeira. Por ora, é inviável.

Há dúvidas sobre a possibilidade ou quando um sistema estará evoluído para uma posição de gestão, porém é fato que, para atividades em que a razão é imperativa, sistemas ou máquinas assumem esta função. É o caso do contato via telefone com sistemas bancários, companhias de telefone ou mesmo o pré atendimento. Cabe, no entanto, a ressalva de que o atendimento é finalizado por uma pessoa, tendo em vista que o sistema não diferencia a necessidade do cliente em postergar um pagamento ou explicar uma situação financeira.

Últimas considerações

Os pesquisadores Vegard Kolbjørnsrud, Richard Amico e Robert J. Thomas resumem a questão em três passos, que indicam a todos os líderes, para lidarem da forma mais inteligente possível com a inteligência artificial.

1) Explore o quanto antes. Para navegar em um futuro incerto, é preciso experimentar a IA, aplicando ideias e ferramentas dessa natureza.

2) Adote novos KPIs para impulsionar a adoção. A inteligência artificial deverá criar novos critérios para o sucesso. Dentre elas, capacidade de colaboração, compartilhamento de informações, experimentação, aprendizado e tomada de decisões, eficácia e capacidade de buscar insights e inovações.

3) Desenvolva estratégias de treinamento e recrutamento para criar equipes diversificadas. Líderes devem desenvolver uma força de trabalho diversificada e uma equipe de gerentes que equilibrem a experiência com a inteligência criativa e social – de forma que um lado complemente o outro e seja possível chegar a um julgamento coletivo o mais sensato.

Conheça o Runrun.it

A ferramenta de gestão do trabalho que organiza o fluxo de demandas, substitui o e-mail para comunicação interna e estima custos e prazos de todos os projetos. Além disso, mune o gestor com dados sobre entregas e desempenho, diminuindo seu tempo investido em microgestão e aumentando sua disponibilidade para pensar em soluções estratégicas para a equipe.  Experimente grátis: http://runrun.it

Gif_Signup-1-1-3

Compartilhe!

Assine nossa news

Assine nossa newsletter para receber conteúdo exclusivo