Em 2016, “pós-verdade” foi eleita pela Oxford Dictionaries como a palavra do ano, como um reflexo da descrença e da falta de parâmetros de informação objetiva na sociedade contemporânea. A pós-verdade advém de uma época em que fatos objetivos são menos influentes na formação da opinião pública do que suas emoções e crenças pessoais. Essa dinâmica envolve algo como “acredito, então existe”.
Vimos crescer assustadoramente o número de notícias falsas na internet. Elas se espalharam a uma velocidade enorme e se tornou difícil saber o que merece nossa atenção.
Mas o problema não se resume ao falso. Há muito conteúdo com informações deturpadas, incompletas, plagiadas e tantas vezes levadas adiante sem checagem de informações, seja de propósito ou não. Uma pesquisa do Instituto Reuters e da Universidade de Oxford trouxe à tona as características associadas pelos leitores às notícias falsas. Dentre elas estão reportagem pobre, superficial e sensacionalista; textos com conteúdo político e partidário; conteúdos patrocinados, propagandas e pop-ups; notícias maliciosas, fabricadas visando lucro ou promoção política; e textos satíricos, humorísticos e paródias, como aqueles com mais potencial de serem falsos.
Responsabilidade na criação de conteúdo
Em uma era de excesso de conteúdo e de leitores confusos sobre em qual informação pode confiar, a comunicação e o marketing das empresas nas mídias sociais deve ser cuidadosa. Nas mãos de cada produtor de conteúdo está a decisão de não colaborar com o cenário caótico das fake news e dos dados não checados.
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Como fazer isso? Entendendo a responsabilidade que se tem ao criar um novo conteúdo para a marca, analisando as informações que serão veiculadas, datas, fontes, especialistas consultados, traduções de versões estrangeiras que podem ter deixado algo errado, entre outros. É bem comum vermos conteúdos criados a partir de citações como “estudos indicam que”, mas é preciso dizer de onde a informação realmente vem e quem a disse, se quisermos ter credibilidade na comunicação.
Fontes de informação confiáveis
Outro estudo, da Edelman Trustbarometer 2017, revelou que, pela primeira vez, 60% das pessoas disseram que “uma pessoa como você é confiável” como fonte de informação como especialista. Além disso, 61% disseram que as redes sociais de uma empresa são mais confiáveis do que as suas publicidades. Ao ver dados como esse podemos entender que é interessante trabalhar a humanização nas ações de comunicação. Pode-se trazer, por exemplo, colaboradores da empresa para falarem sobre assuntos relacionados ao negócio, emprestando sua imagem como profissional especialista em um determinado assunto.
As empresas podem e devem continuar fazendo publicidade, mas o conteúdo em suas mídias sociais e o que as pessoas estão falando sobre seus produtos e serviços são o que tem garantido a confiança de seus consumidores. No entanto, não basta apenas sair produzindo.
Para aumentar a credibilidade da comunicação de sua marca/empresa na internet é necessário adotar algumas medidas. Veja algumas delas:
Plágio
Infelizmente, muita gente acredita que copiar um conteúdo na internet é algo normal, comum. Que se está ali pode ser usado da maneira como se desejar. O plágio pode estar presente em artigos escritos por outras pessoas que foram copiados e publicados em blogs e mídias sociais de empresas, citando a fonte original ou não. Pode estar nas imagens usadas indevidamente em seus conteúdos.
Além de não ser bacana fazer isso, há outro problema: os buscadores sabem de onde veio o conteúdo original publicado. Ou seja, quem copia e republica acaba prejudicando a si mesmo no ranqueamento das buscas. É importante alinhar com todos os envolvidos na produção de conteúdo na empresa sobre boas práticas neste sentido.
Reescrita
Algo comum na produção de conteúdo é reescrever algo já pronto, assim, o resultado não será uma cópia, mas algo inspirado que entrega as mesmas informações de um jeito diferente. O problema é que, às vezes, ao reescrever um conteúdo, informações podem ficar erradas sem perceber. Uma vírgula mal usada pode mudar tudo. E assim acabamos levando adiante informações que não eram bem daquele jeito.
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Checagem de informações
Hoje em dia, parece que existe um estudo que endossa qualquer coisa que se queira levar adiante. É preciso ser cuidadoso na checagem de informações que compõem um conteúdo. Será mesmo que era aquilo mesmo? Dou um exemplo. Outro dia, eu vi o site de uma revista dedicado a pais com uma notícia que dizia assim: “pais bonitos têm filhas mulheres, indica estudo”. A notícia trazia a foto de um homem segurando sua filha. Ao ler o estudo, eu fiquei me perguntando se aquilo era verdade mesmo e decidi escrever ao autor do estudo. Recebi a resposta de que estava tudo certo, mas eu não me dei por satisfeita. Encontrei o estudo em inglês e percebi que na tradução para o português um erro foi cometido.
Na verdade, “beautiful parents” era necessário para que houvesse mais chances de nascer uma filha mulher. Em português, “pais” é a tradução para “parents”, mas também se refere apenas à figura masculina. E, endossada por uma imagem contendo apenas um homem segurando uma criança, a impressão é que o estudo dizia que bastava o pai ser bonito para isso acontecer, não os dois.
Provavelmente a revista não percebeu esses problemas na matéria. Mas quem garante que não há veículos ou empresas que, na ânsia de serem vistos e terem seus conteúdos amplamente disseminados, não usem títulos ou demais estratégias sensacionalistas para conseguirem seus objetivos?
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Crie checklists
Para garantir a qualidade de conteúdos criados por você ou sua equipe, é legal criar checklists. À princípio, eles ajudarão na autonomia, porque, alinhando as expectativas sobre o conteúdo com os envolvidos nele, o time conseguirá caminhar sozinho. Mas os checklists também vão ajudar a garantir a qualidade e a educar em relação ao que se espera do conteúdo antes de ele ser publicado. Isso inclusive ajudará a evitar crises, como aquelas que as pessoas vão logo dizendo: “como assim ninguém mais viu esse conteúdo antes de ele ser publicado?”.
Os checklists podem incluir tamanho de título ideal, tamanho do conteúdo, temas que podem ser abordados, padrões de qualidade e também tópicos que relembrem sobre a necessidade de checar informações e incluir fontes. Tudo isso vai ajudá-lo a produzir conteúdo cada vez melhor para a comunicação de sua empresa, com mais qualidade e mais confiável.
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