gestão estratégica

“As empresas atualmente vivem de modismo. Precisa ter uma mudança radical”, diz o autor sobre gestão estratégica minimalista que conquistou o guru Philip Kotler

Para que um balão suba e alce voo, é preciso que ele se livre dos lastros. Essa é a proposta de Rodrigo Rocha em seu livro de estreia, recentemente publicado pela editora HSM, e que impressionou nomes como Philip Kotler, considerado o teórico mais importante do Marketing, e Regis McKenna,  estrategista por trás das primeiras campanhas da Apple. Em seu “Sistema de Estratégia Minimalista – SEM”, o autor empresta conceitos da arte para propor que as empresas abandonem os excessos que prejudicam sua agilidade e, assim, conquistem os 4Es – Elegância, Eloquência, Eficiência e Êxito – que interagem entre si traduzindo-se em empresas mais saudáveis, consumidores mais satisfeitos e uma vida corporativa mais produtiva.

O trabalho é resultado da experiência de Rocha à frente da área de Marketing do Grupo Amil, hoje reconhecido como case internacional em seu modelo de negócio para o segmento premium. Em entrevista ao Blog do Runrun.it, o autor fala sobre conceitos de inovação, marketing, gestão estratégica e, principalmente, sobre como as empresas podem ser mais eficientes para alcançar seus objetivos. A seguir, a entrevista com o Rodrigo.

Pergunta: Qual foi o processo de construção do conceito de SEM?

Resposta: O Minimalismo, movimento artístico que busca comunicar o máximo com o menor número de elementos possível, foi a inspiração para o desenvolvimento do SEM – Sistema de Estratégia Minimalista, que é uma uma forma de gerir sem excessos e sem desperdício, mas que coloca a satisfação do cliente/consumidor como foco central de todas as ações e que, para isso, leva em consideração quatro conceitos fundamentais: Elegância, Eloquência, Eficiência e Êxito.


” [As empresas] Preferem gastar rios de dinheiros em campanhas publicitárias e se esquecem de focar na experiência do cliente.”


Como a combinação de Elegância, Eficiência, Eloquência e Êxito podem ajudar uma empresa a atingir seus objetivos?

Elegância, eficiência, eloquência e êxito são qualidades onipresentes nos melhores exemplos de estratégia empresarial de todos os tempos. São virtudes que apresentam amplas áreas de intersecção entre si, a ponto de terem fronteiras bem difusas. Muitas vezes, é difícil saber onde termina uma e começa a outra. O fato é que esses fatores formam uma equação que explica os grandes resultados obtidos em termos de valorização de marca e retorno financeiro de diversas empresas ao longo da História e que, no futuro, será cada vez mais crucial para a sobrevivência de qualquer tipo de empreendimento.

Como isso pode se traduzir em mais agilidade e aumento da produtividade de uma corporação?

Esses 4 Es interagem, se completam e criam entre si uma dinâmica positiva que se traduz em empresas mais saudáveis, consumidores mais satisfeitos e, claro, uma vida corporativa mais produtiva.

O conceito de gestão minimalista pode ser aplicado em empresas de qualquer tamanho ou essa configuração se ajusta somente às empresas de grande porte?

Como os 4Es atuam no direcionamento filosófico das empresas, eles podem ser identificados ou aplicados em empresas de qualquer tamanho, setor ou histórico. A avaliação periódica dos 4 Es permite que as empresas façam correções de rumo e se ajustem à dinâmica do mercado e aos humores sempre variáveis dos consumidores.


” O importante é saber o que priorizar, ter objetivos bem definidos.”


O ponto principal do seu livro é que as empresas abandonem os excessos. Como saber se o que se está fazendo é minimalista ou incompleto?

O importante é saber o que priorizar, ter objetivos bem definidos. Saber que tudo o que for fazer precisa ser para o cliente. As empresas atualmente vivem de modismo. Pensam a curto prazo. Precisa ter uma mudança radical na gestão empresarial. Somente pensando em longo prazo é possível criar produtos e serviços que durem para sempre.

Você fala sobre a importância de “exercitar a agilidade”, qual é o impacto disso em uma rotina corporativa?

Exercitar a agilidade significa buscar eficiência. A busca por eficiência passa necessariamente pela pesquisa, pela inovação, pela evolução de métodos, técnicas, materiais e mentalidades. Exige esforço e investimento, mas gera resultados palpáveis e efeitos intangíveis importantes.
A eficiência invariavelmente leva à prosperidade. Para que as rotinas corporativas sejam eficientes: nunca se acomode, exercite a agilidade, fique de olho no calendário, ouça sua equipe, invista tempo em dinheiro na evolução da eficiência e no aumento da produtividade.


“Inovar hoje é fazer o básico.”


A tecnologia evolui continuamente, já as empresas… Na sua opinião, qual é o grau de atualização dos processos das empresas brasileiras em relação à disponibilidade de tecnologia que o mercado oferece?

O Brasil vive no modismo. São poucas as empresas que pensam realmente em coisas que vão durar para sempre. Normalmente copiamos serviços e produtos de outros países. A tecnologia é só um facilitador do minimalismo e não o fim. Precisamos mudar o mindset de achar que marketing é pensar somente em comunicação. O foco precisa ser o cliente.

No livro, você explica como a “simplicidade é o extremo da sofisticação”. O que impediu que o conceito de simplicidade fosse aplicado ao marketing?

Estamos vivendo um período em que as empresas e pessoas falam muito e fazem pouco. Preferem gastar rios de dinheiro em campanhas publicitárias e se esquecem de focar na experiência do cliente. As empresas não são eloquentes.
Ser eloquente significa expressar-se com precisão e charme, ou seja, o contrário de ser prolixo, que é aquele que fala demais e não diz nada.
O que é eloquente é ao mesmo tempo expressivo, convincente e econômico nas palavras. Nos dias de hoje, o indivíduo ou a empresa que desenvolve a capacidade de comunicar seus valores de forma interessante, charmosa e inteligente leva grande vantagem em relação aos concorrentes que cansam o receptor ao transmitir mensagens irrelevantes ou confusas.


“O excesso traz desperdício de tempo, recursos e talentos.”


O que é necessário para construir uma gestão de pessoas minimalista?

As pessoas no mundo corporativo estão estressadas porque se apegam aos excessos, nunca tiram nada de suas rotinas. O resultado é catastrófico, tanto para os colaboradores quanto para as empresas. O excesso traz desperdício de tempo, recursos e talentos. Equipes também precisam ser recicladas. É um processo constante. Metas bem definidas e transparência ajudam a construir um departamento minimalista. Isso significa otimizar talentos e resultados, extrair o melhor rendimento possível dos recursos.

Como líder de um grande time de marketing, o que o líder de uma equipe deve fazer para criar uma estratégia baseada em 4ES e fazê-la funcionar?

A etapa mais importante é definir as metas e transmitir de uma forma clara para toda a sua equipe. Cada integrante da sua equipe precisa saber o que precisa ser feito para atingir a meta desejada. Transparência é fundamental nesse processo. Reuniões constantes para acompanhamento dos processos ajuda a deixar as pessoas focadas. A proximidade com sua equipe ajuda a receber insights importantes para corrigir a estratégia.

Inovação ainda é um termo muito distante do cotidiano de milhões de pequenas empresas brasileiras. Qual sua recomendação ao pequeno empresário?

Atualmente a inovação está nas pequenas coisas. Inovar hoje é fazer o básico. O feijão-com-arroz que ninguém está fazendo. Foque no cliente, melhore a experiência do seu serviço e produto.


“Se os 4Ps são o corpo do marketing, os 4Es são a sua psique.”


Qual a relação do conceito de 4Es com o conceito de 4Ps (conceito clássico do marketing)? Os 4Es são uma “evolução” ou um complemento dos 4Ps?

A qualidade transversal dos 4Es é a razão de sua força. E, como no alfabeto, são anteriores aos famosos 4 Ps do marketing (Produto, Posicionamento, Preço e Promoção), porque existem em um momento anterior, conceitual. Estão em um plano que tem mais a ver com a personalidade do empreendedor e seu sistema de crenças e visões de mundo do que com a sua formação técnica e consciente.
Boa parte do sistema de avaliação baseado nos 4 Es é indutiva e exige a boa integração entre o lado racional e objetivo do cérebro (o esquerdo, para a maioria) com o lado intuitivo e subjetivo (o direito, para os destros) porque essas virtudes combinam matéria e empatia de forma indissociável.
Atualmente o que faz uma determinada marca ter um bom desempenho nos quatro Ps é a sua destreza em aplicar os quatro Es nas estruturas formadoras da organização, algo que passa pela gestão, pela inovação e pela comunicação.
Se os quatro Ps são o corpo do marketing, o que o coloca em movimento, os quatro Es são a sua psique, o conjunto de fatores e referências que precedem os movimentos e que, em última análise, os determinam.
Por isso, vale a pena mergulhar no significado e na abrangência dos conceitos de elegância, eficiência, eloquência e êxito para perceber sua aplicação no marketing.

Você cita algumas empresas de fora que incorporaram o minimalismo nas estratégias de mercado, como a Apple, por exemplo. Existe alguma referência brasileira que também pode ser considerada um case de sucesso?

Existem algumas empresas brasileiras que são minimalistas. A Porto Seguro é um exemplo disso, focada na experiência do cliente. A cultura focada no curto prazo que existe no Brasil talvez dificulte um pouco a adoção do minimalismo em um primeiro momento. Acho que as empresas minimalistas, por romperem barreiras, podem perder dinheiro em um primeiro momento, embora no longo prazo elas tendem a lucrar muito mais. Um modo de as companhias brasileiras conseguirem migrar para o minimalismo é começar por uma unidade que sirva de laboratório e de modelo para as demais. Fizemos isso na Amil, com a One Health.

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