Quando se trata de inteligência artificial, o pior parece já ter passado. Por “pior”, nos referimos ao medo que tínhamos de ser totalmente substituídos pela automação, pela computação cognitiva e por outras inovações. Conforme a IA vai se difundindo por nossas vidas, percebemos que a mudança é de outra ordem: teremos que nos adaptar às inovações. E isso vale principalmente para o design, campo em que encontramos exemplos de como a computação cognitiva e outros avanços estão transformando o dia a dia de profissionais e empresas. E é para te contextualizar nesse cenário de mudanças proporcionado pela inteligência artificial no design que preparamos este artigo.
A propósito, as relações entre a IA e a comunicação sempre estão em pauta aqui no blog do Runrun.it. Este artigo discute os impactos da inteligência artificial na publicidade, por exemplo. Já este traz 30 sugestões de software de inteligência artificial, e este reflete sobre como a IA traz a inovação na gestão.
Uma (possível) conceituação do design
Agora, para entendermos de que forma a IA está afetando, influenciando e transformando o design, vale recapitular a essência dessa atividade. Janet H. Murray, professora de comunicação, literatura e mídia de Harvard, tem uma definição valiosa para o design, que é a seguinte:
“[Design é] O processo de moldar intencionalmente um artefato ou processo específico, escolhendo entre estratégias alternativas para atingir metas explícitas. O design é forjado pelas limitações e capacidades específicas dos recursos disponíveis e pelas necessidades explícitas e implícitas, desejos e preferências de gosto de um grupo de usuários.”
Em outras palavras, na visão de Murray, a essência do design consiste no entendimento das limitações e das capacidades dos recursos disponíveis para se elaborar um projeto. Mas, para entenderem tudo isso, os designers devem experimentar as capacidades e limitações dos recursos até o limite da linguagem, para só então retornarem a práticas consideradas “estáveis”.
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Inteligência artificial no design: não é de hoje
Agora, quando se trata de automação (um dos vários ramos da inteligência artificial) no design, é bom lembrarmos que esse processo já vem acontecendo faz algum tempo. Basta lembrarmos de algumas profissões que desapareceram com a modernização: linotipistas, arte finalistas, letristas e afins. Hoje, podemos dizer que todos foram devidamente “robotizados”, ou substituídos por softwares e programas.
Mas as mudanças vêm se acelerando. Empresas como Netflix já estão usando algoritmos para criar suas próprias composições gráficas. Por exemplo, a IA é usada para recortar personagens de filmes para aplicar em posters e flyers, bem como para criar um título de filme estilizado para se adequar melhor aos interesses de seu público. O sistema faz testes de efetividade com variações das peças para otimizar o conteúdo.
A chave é a colaboratividade entre humano e máquina
De acordo com este texto do designer Blake Hudelson, a palavra-chave para o momento atual da inteligência artificial no design é colaboratividade. É a capacidade de colaborar com a máquina (ou com o algoritmo, o sistema, a colaboração cognitiva etc) que vai estabelecer a relevância do designer.
Tem a ver com a velha questão a respeito de designers deverem ou não programar. Mas Hudelson vai além: diz que, agora, “o debate está mudando de como algo deve ser desenhado para o quê deve ser desenhado”. Assim, neste novo contexto, os profissionais de design deverão definir a lógica e os padrões que produzem conteúdo, permitindo que as plataformas de inteligência artificial compilem os designs por conta própria. De acordo com o autor, designers de todas as indústrias serão fortalecidos por essa abordagem algorítmica.
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O notável exemplo da Ideo
Um prenúncio dos rumos da inteligência artificial no design foi fornecido recentemente pela Ideo, empresa norte-americana de consultoria em inovação.
Em outubro deste ano, a Ideo comprou a Datascope, empresa de tecnologia da informação. A aquisição foi celebrada como um importante passo no sentido de prover mais inteligência artificial aos clientes – um movimento que pode ser resumido pela seguinte provocação do CEO (e guru) Tim Brown:
“Nós passamos os últimos cem ou mil anos desenhando artefatos”, diz Brown. “As coisas que criamos eram relativamente tolas e toda a inteligência entre nós e o artefato vinha de nós. Mas os algoritmos e a tecnologia estão mudando isso, trazendo sua própria inteligência para o jogo. Este é um problema fundamentalmente novo para o design. Como a tradicional disciplina do design, a nova disciplina da ciência de dados e as novas tecnologias de computação cognitiva se juntam nesse novo contexto?”
Então, a Ideo resolveu levar os 15 cientistas de dados da Datascope para sua sede para colocar em prática o que as duas empresas chamam de “inteligência aumentada”. O que é isso? Justamente o resultado da fusão entre design e programação. “Ultimamente, estamos usando a inteligência aumentada para focas no fato de que estamos expandindo as capacidades das pessoas por meio da tecnologia”, diz Brown nesta matéria do Fastco, portal da Fast Company focado na área. “Algoritmos estão sendo desenhado por designers, que foram treinados para responder às demandas das pessoas”.
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Em suma: o designer não vai perder relevância
Não, desde que ele saiba se atualizar, se adaptar às inovações, claro. Conforme as máquinas passam a se ocupar mais com o trabalho produtivo, os designers deverão acumular conhecimento em campos como estatística, análise de dados e ciência cognitiva para focar mais definição de produto e de experiências para os consumidores.
Aliás, se o assunto é adaptação, vale a pena testar um software de automatização como o Runrun.it para não ficar para trás não apenas na indústria do design, mas na gestão das operações, também. Faça um teste gratuito e aumente sua produção hoje mesmo: http://runrun.it