O diretor de tecnologia da WMcCANN é autodidata e interessado por tecnologia desde cedo. Paulo Pacheco formou-se Técnico em Eletrônica no ensino médio. Rapidamente, tornou-se desenvolvedor web em uma época que a internet ainda não era popular. Um dos seus primeiros empregos foi em uma startup de ensino de inglês à distância, na qual teve sua primeira vivência “cuidando de um site”. Entusiasmado por inovação, enxergou no mercado de publicidade um espaço para unir seu conhecimento técnico com projetos criativos.
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Nesta entrevista exclusiva para o blog – e produzida em parceria com o Instituto MestreGP – Pacheco fala sobre os desafios de gestão, o uso dos princípios ágeis nas agências e a importância de ferramentas para a gestão de projetos.
Ao final, confira também o material em vídeo da TV GP.
Como você foi parar no mercado de publicidade?
Paulo Pacheco: Em contato com outros profissionais da área, fui indicado para uma vaga no antigo Departamento de Digital da AlmapBBDO, que na época chamava On Media. Era uma empresa separada que depois foi absorvida como departamento da agência. Foi aí que, sem querer, entrei nesse mercado. Eu não sabia nada da área de marketing e desse universo. Entrei para desenvolver os projetos de sites e campanhas digitais da agência.
Considerava algo bem diferente de tudo que já havia feito?
Paulo: Sim, é bem diferente de trabalhar com eletrônica, ainda mais naquela época, em 2000. Mas foi desde aquela primeira oportunidade que eu percebi onde queria estar, porque enxergava como um mercado de inovação. Quando comecei, a agência já buscava soluções tecnologicamente inovadoras para seus clientes e era muito mais flexível que o trabalho tradicional de software. Os projetos são muito mais rápidos nas agências. Na área de desenvolvimento de software tradicional, em geral, os projetos são bem mais longos. E nas agências você tem que entregar a campanha, uma ideia, um aplicativo em um mês. Tudo em um espaço muito curto de tempo.
Existem diversas maneiras de se desenvolver um software. E considero que também há, de certo modo, um trabalho criativo e até artístico em determinadas disciplinas, como visualização de dados e outras que envolvem mais a parte visual. Percebi essa característica criativa forte no universo de agências e isso foi um ponto de mudança na minha vida e na minha carreira. A dinâmica das agências permite ter uma vivência muito maior com tecnologias diversas. É um aspecto da área que sempre gostei.
A tecnologia gerou grandes mudanças nos modelos de trabalho e também na área de publicidade nos últimos anos. O que você considera como principal mudança?
Paulo: Acredito que as coisas tornaram-se naturalmente mais complexas. Por isso, o trabalho de um gestor de tecnologia ou de um desenvolvedor de software, dentro dessa área, tem ganhado importância. Hoje em dia, vejo uma preocupação muito grande com a análise de dados. A área de Business Intelligence foi fortalecida pelas agências. Precisamos estar sempre atualizados e correndo atrás das tendências que estão em evidência no mercado para que possamos orientar os nossos clientes e os nossos parceiros dentro da empresa da melhor maneira possível. Acho que isso nunca vai mudar. A gente sempre tem que estar se especializando para poder prover soluções melhores.
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Dá para prever algo dessas tendências?
Paulo: É difícil prever, porque tudo muda muito rápido. A gente sabe que tecnologia vai estar cada vez mais inserida nas nossas vidas. Ela vai se tornar cada vez mais transparente a ponto de você não perceber mais e não separar mais quando está usando uma tecnologia. Hoje em dia a gente ainda fala “vou acessar a internet”, mas a tendência é que você não tenha mais consciência disso.
Atualmente, o uso de dados já está em evidência e vai se tornar mais importante. Precisaremos gerenciar e direcionar o desenvolvimento e as campanhas a partir dos resultados que colhemos nos dados. Portanto, as áreas de Análise de Dados e Data Science já são muito importantes. Podemos citar também outras vertentes, como machine learning ou mesmo as disciplinas de experiência imersivas, como VR (virtual reality, realidade virtual). Com o desenvolvimento de software e de hardware nessas áreas, conhecer essas tecnologias vai ser cada vez mais importante para o profissional da área. Precisaremos ter o conhecimento para implementar essas soluções da melhor maneira possível.
“O uso de dados já está em evidência e vai se tornar mais importante. Precisaremos gerenciar e direcionar o desenvolvimento das campanhas nesse sentido.”
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Quais são os seus principais desafios como gestor?
Paulo: O meu papel é focado em duas vertentes. Tenho um papel de gestão na equipe interna, que é composta por três pessoas voltadas ao desenvolvimento de motion design e usabilidade. Também tenho um papel de gestor de fornecedores, principalmente quando nossas demandas envolvem desenvolvimento de software ou desenvolvimento de web.
Um desafio muito grande é a profissionalização desses terceirizados. Na nossa área (que envolve inovação), é muito comum ter fornecedores que estão iniciando as suas empresas. Às vezes, encontramos um fornecedor que parece ter um portfólio muito bom de entregas, mas que não sabe gerenciar o próprio negócio. Então ele acaba tendo problemas e essas dificuldades refletem nas entregas que solicitamos. Encontrar parceiros que sejam confiáveis é o grande desafio. Hoje, eu valorizo muito essa questão da confiança, tanto no sentido de me informar quando algo é possível ou não ser feito (e não simplesmente se comprometer para depois não entregar), quanto em relação à qualidade da entrega em si.
Na perspectiva da gestão de pessoas, o maior desafio é encontrar profissionais alinhados, confiáveis, que tenham um bom relacionamento com as outras áreas e outras pessoas da equipe.
E ao passar de desenvolvedor para gestor, você já tinha esse tipo de habilidade para coordenar pessoas?
Paulo: Eu não tinha esse conhecimento quando comecei e precisei correr atrás para desenvolver. Tanto que depois de me formar em Eletrônica, passei a buscar uma formação de Administração para poder entender um pouco melhor como funcionava. A questão técnica para mim já era muito bem resolvida, pois sempre fui autodidata em relação à tecnologia. Não sentia a necessidade de uma formação tradicional na área. Por isso, busquei a formação tradicional em gestão e isso me ajudou bastante.
Você acredita que as agências conseguem aplicar metodologias ágeis em seus projetos?
Paulo: Como vim do desenvolvimento de software e estudo muito isso, valorizo essas metodologias. Mas existe uma questão cultural da agência. Os projetos têm início, meio e fim. E são muito rápidos. Por isso, o modelo tradicional de gestão de projetos funciona muito bem para o ambiente de agência. É diferente de desenvolver alguma plataforma ou algum aplicativo em que a demanda é constante de desenvolvimento e, aí sim, a metodologia ágil faz muito mais sentido. Sendo bem sincero, acho que a gente aplica o modelo ágil no sentido de ter as entregas curtas. É muito mais a filosofia do que a implementação 100%, porque eu diria que ainda não é viável aplicar hoje na agência, pela característica dos trabalhos que a gente executa.
No entanto, acredito que isso tende a evoluir naturalmente. A partir do momento que a agência passa a gerenciar plataformas dos seus clientes e mesmo o desenvolvimento de portais – projetos que têm um tempo de vida maior -, a metodologia ágil faz muito mais sentido e funciona muito melhor do que o modelo tradicional.
“Aplicamos o modelo ágil no sentido de ter as entregas curtas. É muito mais a filosofia do que a implementação 100%.
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Você acredita que o mercado publicitário também está evoluindo na organização de processos?
Paulo: Acho que todas as áreas da agência evoluíram juntas em termos de processos. Há alguns anos, a gente seguia muito por tentativa e erro ao tentar aplicar uma metodologia de trabalho, mas hoje sabemos por experiência o que funciona e o que não funciona. Vou citar um exemplo básico: quando você está fazendo entrega existe a fase que é a de controle de qualidade. Nessa fase, sabemos que em desenvolvimento de software é algo complexo e sempre vão existir problemas ou correções. Antigamente era muito comum um report desses erros ir por um e-mail ou mesmo em uma planilha. Quem é da área sabe que isso tem um limite. Para um projeto simples, pode até funcionar, mas para algo mais complexo vai acabar virando uma bagunça, não funciona. Você acaba entrando em um loop de e-mails e as questões acabam se perdendo, começa a gerar um estresse para a equipe inteira. E o mesmo vale para agências, com campanhas complexas.
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Acredito que a área de TI conseguiu contribuir bastante para o processo geral do mercado de publicidade, trazendo a utilização de ferramentas específicas, onde é possível criar um ticket, acompanhar a execução desse ticket e depois reportar o que foi corrigido, o que não foi e em quanto tempo. Isso gera um ganho de informações e de dados que é muito importante para quem está responsável por gerenciar as entregas.
Atualmente, vocês utilizam alguma ferramenta para gerenciar os projetos?
Paulo: Desenvolvemos internamente uma ferramenta para atender a necessidade de forma customizada. Qualquer software de gestão é muito importante porque é a partir dele que a gente consegue entender a quantidade de trabalho, a equipe que está envolvida nele, se tem muita refação. Uma ferramenta de controle sempre tem um papel fundamental. No meu departamento, também procuramos usar ferramentas granulares para controlar questões pontuais de cada projeto.
Os clientes estão envolvendo também suas equipes de TI nos projetos? Conte um pouco da sua experiência.
Paulo: Sim, e vejo isso uma forma muito positiva. A gente percebeu que de uns anos para cá as áreas de TI dos clientes passaram a se interessar muito mais pelo papel da agência, porque no fundo eles sabem que também há desenvolvimento na maioria das entregas. É importante eles estarem envolvidos porque existem questões muito específicas de negócio. Quando você coloca um determinado material disponível na internet, por exemplo, precisa garantir a disponibilidade, garantir o servidores aguentem determinada quantidade de acessos etc. Os departamentos de TI das marcas passaram a enxergar a equipe de TI da agência também como um parceiro para entregar melhores soluções.
Quando o cliente tem um bom conhecimento e consegue ajudar a agência, facilita muito o trabalho. O caminho é esse, porque tem custos envolvidos. Muitas vezes o departamento de TI das grandes marcas têm uma melhor condição de negociação em vários aspectos do projeto para atender determinadas necessidades de infraestrutura. Quando isso não existe e não conseguimos ter esse contato, da nossa parte tem um pouco mais de trabalho, mas também é o papel da agência orientar o que deve ser feito para a entrega do projeto. Ao longo do tempo a tendência é que o cliente que não tem uma área forte nesse sentido vai passar a entender essa necessidade e mudar.
Como é hoje o seu envolvimento com a equipe de Gestão de Projetos da agência?
Paulo: Essa área aqui na agência atende não só a parte digital, mas também todos os tipos de mídia. O gestor de projetos é a espinha dorsal na condução das entregas. Como gestor de tecnologia, com um papel mais focado na nossa área, conto muito com o suporte do gerente de projetos. E a relação acaba sendo muito próxima pela similaridades de preocupações em relação às entregas. Não esperamos ser demandados, porque temos um relacionamento muito próximo, quase como fosse uma dupla.
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Confira parte da entrevista em vídeo:
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