Entrevista Adriana Valadão

“Precisamos de lideranças que ajudem as pessoas na nova sociedade” – Adriana Valadão

Sócia e cofundadora da Agile Sales e da Bridge2Innovation, Adriana Valadão trabalha com vendas, tecnologia e transformação digital. Há mais de 20 anos, ajuda organizações a liderar iniciativas inovadoras em seus negócios.

Adriana tem pós-graduação na área de marketing e negócios e MBA em Business Innovation. Na Agile Sales, ela ministra treinamentos e consultorias de vendas e marketing para empresas de TI. E, desde o começo de 2018, na Bridge2Innovation, vende soluções de Inteligência Artificial para o mercado corporativo.

A conversa com Adriana Valadão faz parte da série “Meu Trabalho”, de entrevistas exclusivas para o blog do Runrun.it.

1. Como você ingressou na área de tecnologia, transformação digital e inovação?

Fiz meu primeiro curso de computação aos 11 anos de idade, meu primeiro estágio foi como desenvolvedora web aos 18 anos na Unicamp. Nessa época, pouquíssimas pessoas desenvolviam para internet, pois a internet não era comercial ainda no Brasil, apenas universidades tinham acesso.

Atuei em grandes projetos web em diversas consultorias como Stefanini e Sonda Procwork. Sempre tive uma visão mais centrada no cliente e acredito que por conta disso minha carreira foi naturalmente sendo direcionada para área comercial e marketing.

Há três anos, quando tomei conhecimento de que a IBM havia desenvolvido soluções de fácil usabilidade, na nuvem, percebi que eu queria fazer parte daquilo. Queria ser protagonista dessa nova era e não apenas espectadora. Pedi para mudar de área na empresa que eu estava e comecei a estudar ferozmente.

Passei a ir em eventos e conhecendo pessoas e startups que trabalham com inovação. Iniciei um MBA em Business Innovation e percebi que podia contribuir. Vim da área técnica e sou ótima em vendas corporativas. Então, convidei meu ex-chefe que havia acabado de vender a empresa dele, para vendermos soluções relacionadas à Inteligência Artificial para o mercado corporativo.

Fico muito feliz em ter a oportunidade de participar de forma bem ativa de dois momentos importantes de grandes transformações para a sociedade: a internet e a inteligência artificial.

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2. O que você fazia há dez anos que não faz mais?

Vou voltar um pouco mais. Há 20 anos, a internet estava apenas engatinhando no Brasil. Era quase proibitivo e impensável grandes equipes trabalhando remotamente. Hoje, através das ferramentas de colaboração e de produtividade, tornou-se possível trabalhar e gerenciar grandes projetos remotamente, reduzindo custos e aumentando a produtividade.


“A necessidade de se reinventar torna-se uma competência imprescindível”.


3. O que considera como principais tendências de futuro do trabalho?

O mercado de trabalho passará por grandes transformações numa velocidade exponencial. Apenas no Brasil, segundo a consultoria McKinsey, 15,7 milhões de trabalhadores serão impactados. Não significa que necessariamente perderão seus empregos, mas a necessidade de se reinventar torna-se uma competência imprescindível.

Muitos empregos serão gerados, novas profissões que não existem hoje surgirão para atender demandas que nem imaginamos que teremos. Falamos muito em inteligência artificial, mas não falamos, por exemplo, que há muita gente envolvida para colocar um simples chatbot para funcionar. Os treinadores de robôs que fazem uso de IA são uma das tendências de trabalho do futuro.

No entanto, não estamos nos preparando para viver nesse novo mundo. Vejo muita gente produtiva, cujo trabalho será automatizado nos próximos dois ou três anos (no máximo) e que estão presos a um mindset antigo de estabilidade, porque trabalham em empresas consideradas “consolidadas”. Não existe mais emprego estável. Um estudo da McKinsey mostra que, com a tecnologia disponível até o momento, 45% das tarefas de um trabalho já podem ser feitas por robôs. Nem mesmo o CEO de uma companhia escapará.

Precisamos de maneira urgente desenvolver lideranças exponenciais, que possam ajudar esses trabalhadores a encontrarem seus lugares nessa nova sociedade. E, ao contrário do que muitos pensam, essa sociedade não está tão longe.

A sensação que tenho é que, enquanto o mundo VUCA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo) já está presente e nosso navio está afundando, as pessoas estão tocando violino como se nada estivesse acontecendo e no final tudo se “ajeitasse”. Estamos vivenciando uma nova era com muitos desafios, mas para quem está disposto a aprender e mudar será uma era de muitas oportunidades de crescimento e evolução.

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“Criatividade, pensamento crítico e empatia também são algumas das competências que serão muito valorizadas no futuro”


4. Quais as competências que você vê como fundamentais para o futuro do trabalho?

Flexibilidade, adaptabilidade, resiliência e inteligência emocional são imprescindíveis nesse mundo VUCA que vivemos. A gestão adequada das emoções é uma habilidade que pode fazer profissionais passarem por momentos críticos de muitas mudanças com mais serenidade.

Criatividade, pensamento crítico e empatia também são algumas das competências que serão muito valorizadas no futuro. Pessoas com capacidade de se colocar no lugar do outro e enxergar o mundo pelos seus olhos serão atores transformadores fundamentais na liderança de grandes mudanças. E, certamente, jamais serão substituídas por robôs.

Nossos modelos mentais ainda estão presos a modelos limitantes. Por isso, acredito que uma das competências que precisamos desenvolver diariamente é a de nos permitir vivenciar novas experiências e explorar novas fronteiras.

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5. Como você vê o crescimento e aplicações de tecnologias nas empresas?

Com a desmaterialização de muitos serviços, mal perceberemos que algumas tecnologias estarão presentes no dia a dia de nossas vidas: nos atendendo, auxiliando e facilitando nossas atividades.

A maioria das pessoas que converso ainda vinculam, por exemplo, o sucesso do blockchain às criptomedas, sendo que as possibilidades de seu uso vão muito além. Todas as transações que envolvem confiança serão impactadas no futuro pelo blockchain.

A empresa sul-africana De Beers tem usado blockchain para combater os diamantes de sangue e falsificações. Estima-se que cerca de dois milhões de diamantes já tenham sido registrados em sistemas blockchain, com dados relativos à cor, quilate e clareza de uma pedra em particular.

No Brasil, a fabricante de alimentos BRF e a varejista Carrefour implementaram blockchain para impedir fraudes na produção e comercialização de alimentos recentemente. Os bancos, cartórios, a cadeia de suprimentos inteiras, a forma como os governos se relaciona com os cidadãos serão revolucionados pelo blockchain. Devido à velocidade exponencial que as transformações digitais têm batido em nossas portas, acredito que brevemente o blockchain fará parte de nossas vidas.


“Todas as transações que envolvem confiança serão impactadas no futuro pelo blockchain.”


6. E o uso de Big Data pelas empresas?

Só tenho uma dica: certifique-se de que o dado é confiável. Mais importante do que quantidade de dados, é a qualidade dos dados. Visto que a maioria dos dados vem de legados antigos e muitas vezes mal construídos, a acuracidade das informações fica comprometida e, consequentemente, todo o investimento feito num projeto de Big Data escoa pelo ralo.

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7. Pensando em seus hábitos e hobbies atuais, o que você considera fundamental para equilibrar sua vida profissional e pessoal?

Ainda estou me adaptando a essa nova jornada e ajustes ainda precisam ser feitos na minha rotina. Mas há algo que não abro mão: de manter contato com minha família. Aos finais de semana, ou passo um tempo com minha filha de 22 anos, que adora programas mais urbanos, ou vou à casa dos meus pais, sentir o cheirinho de mato e comer uma comidinha caseira e verduras plantadas pelo meu pai em sua própria horta. Os momentos bem vividos com a família não têm preço.


“Não há uma receita para a jornada nesse mundo VUCA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo)”.


8. Que conselhos você daria ao seu ‘eu’ de 10 anos atrás?

Ter acreditado mais em mim, ter ouvido o chamado de meu coração. Ter me preocupado menos com coisas que na época me pareciam importantes.

9. Que dicas você daria para quem está começando a carreira nesta área de tecnologia, inovação e transformação digital?

Muitos profissionais, que já estão no mercado em outras áreas, me questionam sobre como podem atuar como um agente transformador em sua empresa, se seu chefe, a diretoria ou o modelo e estrutura da empresa é engessado, sem abertura para a inovação. Se esse for seu caso, não se limite. Você não é seu emprego, tem um mundão aqui fora. Se atualize, estude, frequente eventos, veja vídeos. Há muito conteúdo gratuito sobre assuntos da atualidade.

Também há muito conteúdo relevante no site da Singularity University, uma universidade criada com o objetivo de transformar pessoas e organizações, munindo-as das habilidades e conhecimentos necessários para o enfrentamento de grandes dilemas globais.

Um último conselho: Não há uma receita para a jornada no mundo VUCA, portanto se jogue nesse novo mundo. Dê o primeiro passo, mesmo que você não enxergue direito o caminho, mesmo que seus passos não sejam firmes a princípio. Um mundo novo surgirá à sua frente e uma nova pessoa emergirá em você. Uma pessoa melhor e capaz de construir sua própria jornada nesse mundo em transformação. Seja o protagonista de sua história, não espere as oportunidades baterem à sua porta.

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Inovação e tecnologia na gestão do trabalho

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