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O que é ESG e como alinhar a sua empresa a esses princípios socioambientais

Você deve conhecer – até admirar – alguma empresa que investe em projetos sociais e ambientais que nem parecem trazer retorno financeiro, é filantropismo mesmo. Esse apoio a iniciativas internas e externas é incentivado pelo ESG, abreviação de Environmental, Social and Governance – ou, em português, ASG, referindo-se à Ambiental, Social e Governança. 

Essa sigla reúne os principais fatores que indicam como as empresas podem se desenvolver de maneira sustentável, com responsabilidade às causas sociais e evitar corrupções internas. O benefício tem seu lado econômico: organizações preocupadas com estes tópicos apresentam um desempenho melhor na bolsa de valores, já que estar envolvida em polêmicas coloca os negócios em risco. 

Outra vantagem diz respeito à imagem das empresas para os consumidores, afinal as pessoas estão escolhendo produtos e serviços com base no posicionamento das instituições e de seus respectivos CEOs. Se por um lado já vivemos em um período que começa a dar sinais de escassez de matéria prima, por outro há uma abundância de marcas. Então, qualidade não é mais a única métrica para uma empresa se manter competitiva. Pensando nisso, elaboramos esse artigo para que você saiba como alinhar a sua empresa aos princípios do ESG de maneira assertiva:

 

ESG o que é?

Em resumo, o ESG ajuda os investidores a tomarem melhores decisões na hora de investir, justamente porque a reputação das empresas impacta diretamente na sua capacidade de permanecer atrativa aos consumidores e consequentemente rentáveis. Um exemplo é a Vale, responsável por dois crimes ambientais em Minas Gerais, Mariana, em 2015, e Brumadinho, quatro anos depois. 

Em um único dia a Vale perdeu mais de R$ 70 bilhões em valor de mercado, após o rompimento da segunda barragem. As consequências não afetaram o produto que a mineradora entrega, mas a sua imagem ficou mundialmente abalada. 

Índices como o ESG existem há anos, como o IGCT (Índice de Governança Corporativa), o ICO2 (Índice Carbono Eficiente), o ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial) e o índice Dow Jones de sustentabilidade global, que tem mais de duas décadas. Mas o tema se resumiu em ESG pela praticidade de reunir os principais fatores de responsabilidade de maneira agrupada e não de forma isolada como acontecia até então. Afinal, uma empresa podia ser engajada na causa ambiental, mas negligente na parte social e de governança. 

Esses três fatores do ESG compreendem as seguintes práticas:

Olhar os investimentos responsáveis das empresas de maneira completa é um movimento em ascensão no mundo das finanças. Segundo o relatório “ESG de A a Z: Tudo o que você precisa saber sobre o tema”, lançado em 2020 pela corretora de valores XP Investimentos, mais de US$ 30 trilhões em ativos estão sob gestão de fundos que definiram estratégias sustentáveis, ou seja, só investem em empresas engajadas no ESG. 

Na Europa são US$ 14,1 trilhões, equivalente a mais de 50% dos ativos do continente, nos Estados Unidos esse número representa 25% do total. Há uma pressão grande para que o Brasil siga cada vez mais esse caminho para se manter competitivo no mercado, como mostra a pesquisa “Engajamento de questões ambientais, sociais e de governança na análise de investimento de gestores de recursos”, da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), lançada em 2018: 85,4% dos gestores de investimentos do país se baseiam em estratégias responsáveis para tomar decisões. No entanto, das 116 mil empresas acompanhadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na Pesquisa de Inovação (Pintec), apenas 4,8 mil publicaram relatórios de sustentabilidade no período de 2015 a 2017.

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Como surgiu o ESG?

O termo foi criado em 2005, pelo então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, em uma reunião com investidores para que eles passem a considerar em suas análises os pilares que norteiam o ESG. Ao todo, 23 empresas foram signatárias desses princípios. Mas a proposta não funciona como um ISO, por exemplo, ou seja: não existem regras para uma organização reconhecer que está de acordo com os princípios do ESG. Então, quem queria adotava.

O assunto ganhou um fôlego necessário em 2019, quando 181 CEOs assinaram uma Declaração de Propósito em que se comprometeram a alinhar o desenvolvimento de suas empresas com responsabilidade ambiental, social e corporativa. Um desses CEOs presentes era Laurence Douglas Fink, presidente da gestora de investimentos multibilionária BlackRock. Comprometido com o acordo, no início de 2020 o empresário anunciou que os fatores do ESG seriam levados em conta nas decisões de investimento.

Por mais que a sigla esteja fazendo a diferença a pouco tempo, ela já demonstra um comprometimento das empresas. No relatório, citado acima, da XP Investimentos, instituições brasileiras bateram o recorde de filantropia, em 2020, com incentivos em áreas sensíveis à proteção contra a COVID-19. 

Interessante observar que as doações não se resumem apenas a dinheiro, mas também aos próprios serviços e produtos que as empresas oferecem: Gerdau doou aço para construir hospitais, McDonald’s doou combos para profissionais que não podiam parar em plena pandemia, como enfermeiros, médicos e caminhoneiros, e a Unilever foi na mesma direção e doou toneladas de alimentos e produtos em campanha contra a fome.

Logo, as empresas passam a unir produto/serviço ao seu propósito para criar conexões com o público que de fato consome as marcas e está interessado nos princípios do ESG. Literalmente unindo o útil ao agradável. Segundo um relatório da Deloitte, entre as tendências de marketing para 2021 está justamente fazer essa conexão e ainda fazer parceria com outros setores para fortalecer campanhas e alcançar mais pessoas.

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Quem fiscaliza quem?

Uma das polêmicas do ESG é que não existe um órgão fiscalizador para analisar se o que a empresa está divulgando é verdade e verificar quantitativamente os investimentos. Basta doar, mesmo que seja um valor ínfimo. A ONG Global Reporting Initiative (GRI) lançou um relatório para as organizações seguirem alguns parâmetros, mas tudo passa pela divulgação da empresa e ela divulga o que quer. 

Um exemplo de falha desse sistema é o índice S&P/B3 Brasil ESG, que incluía o Carrefour dentre as empresas responsáveis por questões ambientais, sociais e de governança. O supermercado se envolveu um escândalo, em 2020, quando um homem negro for morto por dois seguranças de um dos estabelecimentos em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. 

Esse não foi o primeiro caso de racismo e violência nas dependências do Carrefour. A bolsa de valores respondeu ao crime, mas com um delay. Os investimentos do supermercado diminuíram somente quando protestos se intensificaram na região e circularam notícias sobre a falta de sensibilidade dos investidores diante do assassinato. 

Por isso, cabe aos consumidores ficarem atentos à falta de coerência entre os selos distribuídos pelas gestoras financeiras e o que as empresas realmente fazem. Esse cuidado serve para fugir de práticas como greenwashing, propagandas enganosas que mentem sobre a atuação ambiental das organizações. 

Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), realizada em 2018, analisou mais de 500 embalagens de produtos para verificar a prática do greenwashing. O estudo identificou que 48% das embalagens foram encontradas informações falsas sobre a responsabilidade ambiental. 

Isso acontece muitas vezes porque as empresas adotam os discursos que as pessoas querem ouvir, mas sem alinhar com o produto/serviço entregue. A dica, portanto, é sempre recorrer a órgãos e pesquisas reconhecidos para creditar uma marca como realmente engajada no ESG.   

Além da bolsa de valores: qual é a importância do ESG para a empresa?

De acordo com um estudo da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), realizado, em 2020, com 124 companhias brasileiras, os principais motivos para promover diversidade nas empresas são: 

  1. 1. Melhorar a reputação (68%); 
  2. 2. Contribuir para mudanças estruturais da sociedade (63%);
  3. 3. Aumentar a eficiência interna (57%);
  4. 4. Qualificar a cultura organizacional (54%);
  5. 5. Desenvolver soluções inovadoras (47%).
 

O que vemos são motivos que transcendem a questão da imagem e as empresas passam a enxergar vantagens competitivas, econômicas e sociais para investir em fatores do ESG. Incluir esses princípios no funcionamento das empresas também é uma forma de se conectar com as gerações Y, Z e Millennials. De acordo com a Nielsen, entidade de pesquisa de mercado, os mais jovens dão mais importância às questões sociais e ambientais do que pessoas nascidas antes da década de 80. 

E essa importância é bem significativa. Segundo a entidade, 73% dos Millennials pagariam mais por produtos ou soluções sustentáveis. Além disso, essas gerações mais jovens têm influência na decisão de compra de suas famílias. Então, mesmo que eles não representem a maior fonte de renda em seus lares, podem definir em quais marcas o dinheiro será investido.

Esse engajamento também tem um reflexo na retenção de talentos, pois trabalhar em um ambiente com diversidade e alinhado aos propósitos pessoais passa a ser tão significativo quanto questões de rentabilidade para essas gerações. 

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Como levar o ESG para a sua empresa?

Alguns conselhos dados a empresas que querem se alinhar ao ESG é que todas as iniciativas valem, o que não pode é ser excludente. Essa dica isolada pode ser uma falsa esperança de que é fácil e simples engajar uma instituição em valores que talvez nem façam parte da cultura organizacional. 

Isso porque a realidade é complexa, e às vezes alguns apoios só chovem no molhado, não tem nada de inovador e nem demonstram real comprometimento das empresas em mudar a realidade social, ambiental e interna. Essa complexidade é apresentada pela jurista norte-americana Kimberlé Crenshaw, que desde 1990 mostra que projetos voltados à comunidade negra e à participação feminina no mercado de trabalho costumam deixar as mulheres negras em uma lacuna. 

O relatório “Mulheres no Local de Trabalho em 2020”, publicado pela consultoria McKinsey, apresenta que para fortalecer a diversidade é essencial que as empresas olhem a realidade de todos os grupos que integram a instituição e busquem formas de favorecer todos, em especial as mulheres negras.

Para isso, é importante que a sua empresa tenha uma equipe própria para tais ações. De acordo com o estudo da Anbima, citado anteriormente, as empresas costumam delegar essa responsabilidade a um grupo de funcionários, em 66% dos casos, e 11% das 110 empresas ouvidas criaram um setor exclusivo. Sendo que 78,7% atribui essa responsabilidade a até 5 funcionários. 

Antes do tema de responsabilidade ganhar destaque era comum o setor de Recursos Humanos bater o martelo junto com os líderes sobre quais ações podem ser empregadas para engajar a empresa em uma causa que converse com o público. No entanto, esse é um tema sério e precisa cada vez mais de pessoas realmente interessadas em criar projetos para que eles não se pareçam apenas ações de marketing.

Na ponta do nariz

Se você está começando a investir em ações responsáveis ou quer implementar novas, é importante que você comece pela realidade dos seus funcionários, buscando entender se há algo que você pode melhorar no dia a dia. Isso porque antes de promover diversidade na empresa é preciso saber se os gestores respeitam a diferença, por exemplo. 

Para isso, você pode fazer avaliações 360 graus para coletar feedbacks sobre os desafios de cada colaborador e investigar se alguns desses obstáculos não são coletivos. Esse cuidado é importante para que a implementação do ESG não seja vista como vazia. Por exemplo, qual imagem que a empresa passa ao desenvolver projetos para contratar mais mulheres, sendo que as atuais colaboradoras costumam ser desligadas após engravidarem? 

Além disso, as próprias equipes podem dar insights para projetos, pois elas conhecem melhor do que ninguém o funcionamento da sua empresa. Outro ponto é cruzar as informações quantitativas dos indicadores de desempenho para saber onde o ESG pode ser mais essencial para o seu negócio. Os indicadores são:

  1. 1. Indicadores de produtividade – Qual é o rendimento e eficiência de cada colaborador? 
  2. 2. Indicadores de qualidade – O que fora da conformidade acontece nos processos da sua empresa? 
  3. 3. Indicadores de capacidade – Qual a capacidade de resposta de um processo?
  4. 4. Indicadores estratégicos – Quais metas definidas pelo board foram alcançadas?
 

Para te ajudar a decidir quais áreas são realmente prioritárias para garantir melhores condições de trabalho e focar naquilo que importa para a sua empresa, assista ao webinar que o nosso CEO, Antonio Carlos Soares, gravou sobre o tema da essencialidade nas empresas:

Qual a sua pegada ambiental?

Quando for investir no fator ambiental do ESG, é importante que a sua empresa esteja atenta às áreas que o seu negócio mais afeta. Desta forma, é possível minimizar o impacto ambiental e não dar aquela sensação de que está jogando a sujeira para debaixo do tapete. 

Para pensar seus processos, o economista e filósofo francês Serge Latouche indica 8 Rs que não pode perder de vista:

  • Reavaliar – No sentido de rever os valores inerentes a um processo ou ação;
  • Reconceituar – Após reavaliar, deve-se redefinir os conceitos econômicos e ambientais que norteiam nossas decisões de consumo; 
  • Reestruturar – Adaptar a produção e as relações sociais em função da mudança dos valores;
  • Redistribuir – Dar outras finalidades para a terra e oportunidades sociais, como o aumento à diversidade em cargos de liderança;
  • Relocalizar – Promover o comércio e a produção local;
  • Reduzir – Diminuir a utilização de transportes, consumo de energia e emissões dos gases com efeito estufa;
  • Reutilizar/Reciclar – Tratados como similares, ambos promovem ações de descartar o mínimo, sempre visando a reutilização.
 

Muitas empresas não lidam diretamente com processos poluentes, mas podem manter relações com organizações que acabam degradando o meio ambiente sem as devidas precauções ambientais. Além disso, o artigo “Digital sustainability”, lançado este ano pela Wunderman Thompson, aponta que o impacto ambiental pode estar em áreas inusitadas, como e-mails marketing e sites. 

Isso porque toda atividade no computador requer energia. E a eletricidade usa predominantemente combustíveis fósseis, que produzem dióxido de carbono (CO2). Então, e-mails promocionais são responsáveis ​​por dois milhões de toneladas de emissões de CO2 anualmente somente no Reino Unido, aponta o artigo.

O líder é o espelho da empresa

Se um colaborador pratica uma atitude preconceituosa, já existe uma cobrança para que a empresa se posicione. Agora, se um gestor toma a mesma atitude, o impacto pode ser bem maior. Isso porque ele representa a instituição e as pessoas não querem ser representadas por empresas preconceituosas.

Manter esse alinhamento não é tarefa fácil, mas é essencial para dar credibilidade às suas estratégias de implementação do ESG. Para isso, é preciso ter uma boa gestão de pessoas, que começa desde o processo seletivo com a contratação de pessoas alinhadas aos ideais da empresa. A partir disso, os gestores precisam ser exemplo para a próxima geração de lideranças. E é aí que existem muitas mudanças de paradigmas.

Uma das mudanças em ascensão é os propósitos da vulnerabilidade na liderança. Esses termos parecem até opostos para quem cresceu aprendendo que vulnerabilidade é aquilo que você elimina. No entanto, ela representa uma abertura para os gestores estabelecerem conexões com os colaboradores para tomarem melhores decisões. Por exemplo, quando a pandemia começou em 2020, muitas pessoas ficaram inseguras sobre a saúde e a estabilidade no emprego. Esses temores são bem plausíveis e cabe aos líderes levá-los em conta na hora de se comunicar com a equipe e estabelecer metas realistas.  

Para isso, a comunicação não-violenta tem servido como perspectiva para os gestores conseguirem criar essas conexões. Isso porque ela oferece noções básicas de interação com empatia, sendo elas:

  1. 1. observar sem julgar;
  2. 2. nomear seus sentimentos;
  3. 3. identificar e comunicar suas necessidades;
  4. 4. viabilizar a convivência.
 

Para reunir essas mudanças de tornar a gestão mais conectada aos desafios dos colaboradores sem deixar de ser estratégica, uma das tendências é a adoção da liderança resiliente, que justamente relaciona essas duas características de maneira assertiva para tomar melhores decisões. 

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O ESG visa mudanças externas e internas justamente para garantir que sua operação diária também seja positiva para os colaboradores. Para isso, mas empresas estão investindo em transformação digital para contar com rotinas mais desburocratizadas, fluídas e que permitam que as equipes foquem naquilo que realmente traz valor à sua instituição. Para isso, você pode adotar um software de gestão como o Runrun.it, que automatiza o processo, melhora a comunicação, principalmente, no home office e disponibiliza métricas de produtividade transparente, que ajuda os gestores a dar feedbacks mais assertivos sem o sentimento de injustiças. Crie a sua conta e teste agora: https://runrun.it

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Links de artigos e pesquisas citados:

 

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